A organização e as brigadas do Jornal A Verdade

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Danilo Freire | São Paulo


IMPRENSA – É inegável: as nossas organizações passaram por um grande crescimento nos últimos anos. Uma conquista significativa, fruto dos esforços abnegados e coesos da nossa militância por todo o território nacional. Para profissionalizarmos mais a nossa atuação, formar quadros dirigentes e trazer ainda mais pessoas para as nossas fileiras, a agitação e a propaganda cumprem um papel fundamental.

Apesar de a maioria do nosso povo estar mergulhada na ideologia liberal da classe dominante, os trabalhadores sentem na pele os impactos do sistema capitalista e carregam em seu inconsciente a luta de classes vivida no dia a dia. É tarefa nossa apontar explicitamente as contradições do capitalismo e pavimentar o caminho para a contestação do sistema, para que fique claro para cada pessoa: a única saída possível para a superação dos problemas da nossa sociedade é a derrubada do Estado burguês, a tomada dos meios de produção pelos trabalhadores e a edificação do socialismo. Para isso, devemos fazer uso de todos os mecanismos disponíveis.

Assim como o Partido Bolchevique na Rússia, o Partido dos Panteras Negras nos EUA e diversas outras organizações pelo mundo, temos hoje uma poderosa arma em nosso favor: um jornal revolucionário. O jornal cumpre a função de centralizar teoricamente e na prática a militância, sistematizar uma propaganda política contínua e sustentar materialmente a continuidade das nossas atividades, através das contribuições. O jornal é apontado por Vladimir Lênin como um dos meios para avaliar o estágio de desenvolvimento organizativo das nossas forças e, por este motivo, é de extrema importância avaliarmos de forma crítica a condução das brigadas e as vendas das cotas individuais do jornal A Verdade.

Há pouco mais de um ano, A Verdade se estabeleceu como um jornal quinzenal, o que nos permite um contato ainda mais frequente com os trabalhadores em variados espaços. Nas praças, nas escolas e universidades, nos terminais de ônibus e nas estações, nós, comunistas, precisamos estar presentes e propagar sempre que possível a nossa denúncia política. Esta necessidade, no entanto, acaba sendo prejudicada pela subestimação do potencial transformador do jornal por parte dos militantes, que, muitas vezes, encaram a venda do jornal como um fim em si mesmo.

Deixar de organizar ou comparecer às brigadas; reduzir ou eliminar o ponto de agitação e propaganda nas reuniões; não realizar a prestação dos jornais ou simplesmente fazer a contribuição e manter os jornais engavetados são algumas das práticas recorrentes que devem ser combatidas nos coletivos. Tais atitudes configuram um entrave para o crescimento orgânico das organizações e representam um retrocesso na consciência ideológica dos membros que reproduzem esses comportamentos.

Para além desses motivos, há casos onde, por timidez ou insegurança no domínio da teoria, alguns militantes evitam dialogar abertamente sobre a nossa linha política. Também por isso é importante que consigamos garantir a presença nas brigadas e aprender na prática e com o exemplo de companheiros mais experientes.

Diferentes espaços e situações requerem diferentes formas de abordagem, e a inovação e a criatividade são características que podem fazer a diferença. Nos trens, por exemplo, as falas devem ser pensadas estrategicamente, já que ocorrem em um curto espaço de tempo de uma estação para outra, como relata o militante Kayque Carlet, brigadista em uma das linhas de trem da Zona Sul de São Paulo. “No vagão, o agitador tem um palanque só para si. A agitação serve para colocar as nossas pautas gerais, então podemos testar uma matéria diferente em cada vagão, para aí apresentar a nossa linha. Temos muito para falar, mas precisamos pensar exatamente o quê. Se a fala for bem colocada, desperta o interesse em quem escuta. Na última brigada, por exemplo, um mano pegou o jornal e disse que tinha vontade de se organizar na UP. Agora ele está filiado e já confirmou presença em uma brigada”.

Já a militante Alice Giovanna, afirma a necessidade de um contato mais humano e diferente quando se trata de uma abordagem individual. “É importante ler com atenção e adaptar o discurso para que qualquer pessoa entenda. Se tiver tempo e abertura, perguntar e usar exemplos de como os problemas da realidade dela nascem do capitalismo. Já recebi elogios de um senhor que comprou o jornal, contribuiu com R$10 e disse que foi a primeira vez que falaram sobre política de uma forma que ele entendesse”.

Para concluir, resgato as palavras do herói comunista Manoel Lisboa. “O mais importante para um exército vencer e dominar é contar com o apoio do povo. A propaganda não pode ocultar a verdade nua e crua das desigualdades sociais, o desemprego, os salários baixos, a injustiça e todos os males do capitalismo. Eis a principal questão: eles têm armas, dinheiro, soldados, MAS NÃO TÊM O POVO”.

É dever nos esforçarmos para trazer consciência política aos que não sabem sobre a luta de classes, estar no cotidiano e batalhas do povo, tocar corações e mentes para que, quando a oportunidade surja, tomem lado e não tenham dúvidas de quem realmente defende seus interesses.

Camaradas, é crucial nos aprofundarmos na teoria marxista, no conhecimento da realidade brasileira e estreitar o contato com as massas. Precisamos entender que na sociedade dividida em classes, tudo está em disputa, incluindo as nossas consciências. Se não temos ainda o controle da internet, estações de rádio, canais de televisão e outros aparelhos ideológicos, não devemos subestimar o papel das brigadas e da politização das nossas relações. Todo esforço no trabalho de conscientizar as massas!

Matéria publicada na edição nº 275 do Jornal A Verdade.