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sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Prefeitura expulsa comerciantes do Centro do Recife

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A medida implementada pela Prefeitura do Recife provocou um protesto na sexta-feira (18) por parte dos comerciantes e preocupação entre os trabalhadores locais.

Jesse Lisboa | Recife


TRABALHADORES – Na última sexta (18), um grupo de comerciantes que atuam na Ilha do Leite, próximo ao empresarial Charles Darwin, foram expulsos desse local pela Prefeitura do Recife. 

Esse grupo de comerciantes que dependem dos trailers para sua subsistência tomou as ruas em um protesto reivindicando o abandono dessa medida e a consideração da importância do seu trabalho. A Avenida Agamenon Magalhães, uma importante via de tráfego, foi bloqueada durante o protesto pelos manifestantes.

De acordo com os comerciantes, fiscais da prefeitura compareceram durante a semana passada e comunicaram a eles sobre a necessidade de remover seus trailers em um prazo estabelecido. Entretanto, os comerciantes alegam que não foram oferecidas alternativas viáveis para a continuação de suas atividades comerciais. Essa interdição repentina resultou na perda de alimentos e mercadorias, causando um impacto financeiro significativo para os comerciantes.

Segundo as autoridades municipais, a medida foi tomada com o objetivo de melhorar a mobilidade na área e “desafogar o trânsito”, alegando que as estruturas dos trailers estavam prejudicando a passagem de pedestres e veículos.

No entanto, os comerciantes prejudicados dizem que a retirada dos trailers prejudica na realização dos seus trabalhos. Muitos deles operam há anos na região, atendendo tanto os trabalhadores dos empresariais quanto pessoas que frequentam os hospitais próximos, como o Instituto de Medicina Integral, o IMIP.

Coincidentemente, na semana em que os comerciantes foram expulsos do seu local habitual de trabalho, um restaurante de luxo foi inaugurado na cobertura do empresarial Charles Darwin. Questionamos, então, se a abertura do novo restaurante tem algo a ver com a higienização dos arredores do empresarial. 

A Prefeitura do Recife, a partir da Secretaria Executiva de Comércio Popular (SECPOP), emitiu uma nota em que afirma estar em diálogo com os comerciantes afetados e considerando a possibilidade de realocá-los para novos espaços. Porém, essa resposta não resolveu as preocupações dos manifestantes, que alegam que essa realocação pode não ser viável ou garantir as mesmas oportunidades de negócio.

É evidente que a expulsão desses trabalhadores de seus locais de trabalho não apenas afeta seu trabalho, que já é dificultado por estar na informalidade, mas também reflete uma tendência à elitização das áreas urbanas. A medida é, afinal, uma maneira de privilegiar os interesses da burguesia em detrimento das classes mais baixas, levando a um processo de “limpeza” da cidade para se adequar aos ricos.

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