Sob o lema “Você tem fome e sede de quê?”, o 29º Grito dos Excluídos reuniu milhares de pessoas por todo país. Convocado por movimentos sociais, sindicatos, organizações e partidos de esquerda, a manifestação faz um contraponto às comemorações oficiais do 7 de Setembro.
Felipe Annunziata | Redação
LUTA POPULAR – “Temos fome e sede de justiça para nossos filhos!”, foi assim que Dona Catarina, mãe e voz de Rogério Júnior, assassinado pela polícia do RJ em 2020, definiu o ato do Grito dos Excluídos na capital fluminense. Ela faz parte do movimento Mães da Baixada, que junto com com as Mães da Maré, Mães de Manguinhos e de várias outras regiões se mobilizam diariamente contra a política praticada pelo Estado de assassinatos de jovens e crianças.
Além do Rio, houve manifestações em todas as capitais e diversas cidades do interior do país. Em Maceió, os manifestantes lembraram que nesta semana se completaram 50 anos do brutal assassinato pela Ditadura Militar Fascista de Manoel Lisboa de Moura, dirigente e herói do Partido Comunista Revolucionário e natural de Alagoas.
Em Salvador, a população exigiu a desmilitarização das policias e pediu justiça por Mãe Bernadete, líder quilombola assassinada no último dia 17. A Bahia é o estado que conta com a Polícia que mais mata no Brasil, deixando quase 1500 mortos apenas em 2022.
Já em Natal e Mossoró, no Rio Grande do Norte, os movimentos sociais e a população exigiram também a prisão de Bolsonaro e seus cúmplices fascistas. O mesmo também ocorreu em outras cidades nordestinas, como Recife, Fortaleza e São Luís.
Em São Paulo, ocorreram atos expressivos na capital e no ABC Paulista, além de passeatas no interior. Na manifestação em São Bernardo do Campo, os manifestantes lembraram dos despejos violentos e da luta por moradia popular no país.
“Saudamos todo o povo pobre periférico que vem sofrendo com a falta de moradia e os constantes despejos dentre outras violências e hoje está nas ruas. Essa luta não para aqui, seguimos na luta pela Reforma Urbana e Pelo Socialismo!”, afirmou Márcio Alves, coordenador do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e da Central de Movimentos Populares (CMP).
Além dessas manifestações a população também se mobilizou nos estados do Sul, Norte e Centro-Oeste, incluindo a capital federal. O Grito dos Excluídos ocorre em todo Brasil desde 1995 como resultado de debates feitos entre os setores mais progressistas da CNBB e diversos movimentos sociais.
Desde então a manifestação ocorre como uma forma de fazer um contraponto ao chamado “Grito do Ipiranga”, que justifica o feriado de 7 de Setembro e que foi apropriado nas últimas décadas por setores reacionários das Forças Armadas. Em vez de paradas militares para comemora uma falsa independência, os movimentos sociais e partidos de esquerda se mobilizam nessa data para pautar as verdadeiras necessidades do povo trabalhador para conquistarmos uma real independência do Brasil.