As mentiras divulgadas sobre o Estado de Israel no Brasil

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Não bastasse o genocídio e a violência colonial a qual os palestinos são submetidos em sua terra, no Brasil ainda são vítimas de uma ampla campanha de desumanização.

Felipe Annunziata | Redação


INTERNACIONAL –  Igrejas evangélicas, canais de TV e rádio, “influencers” e acadêmicos nas redes digitais: este é o “exército” de propagandistas que o Estado Terrorista de Israel conta no Brasil. No Rio de Janeiro, até setores do tráfico de drogas e da milícia apoiam o regime sionista. 

O massacre ao qual Israel vem submetendo a população na Faixa de Gaza e os atos de resistência desencadeados desde sábado (7) vem intensificando este debate na sociedade brasileira. Não é raro vermos setores cada vez mais amplos do fascismo associarem sua ideologia ao regime que assassinou, só nos últimos 4 dias, 260 crianças. 

Para combater todo esse aparelho de propaganda e conseguirmos realizar a luta em defesa do povo palestino no Brasil é importante entendermos essas mentiras e saber como combater.

O uso da religião na defesa dos crimes de Israel

Uma das mentiras mais contadas ao povo brasileiro é de que a colonização israelense e a resistência palestina são, na verdade, resultado de uma “guerra religiosa”. Aqui, muitos falsos pastores evangélicos dizem que Israel é vítima de um povo infiel e impuro, descendente dos filisteus, citados no Velho Testamento. E que por serem “o povo de Deus” teriam direito de massacrar os palestinos.

Outro mito é de que a existência do Estado de Israel é necessária, pois é algo previsto na Bíblia para o cumprimento do Juízo Final e do “final dos tempos”. Todo esse discurso tem, no entanto, uma única origem: o lobby de Israel dentro dos EUA.

Foram estes lobbys que apoiaram politica e financeiramente a expansão dos setores neopentecostais no Brasil e nos próprios EUA. Estas igrejas têm altos lucros com viagens à Palestina e a venda de produtos originários da região.

Nesta narrativa, os palestinos são vendidos como “inimigos de Deus” e merecedores do “castigo divino”. Nada é falado sobre o bloqueio econômico, a segregação racial e os crimes contra a humanidade cometidos por Israel. O conflito é visto como natural e “sinal dos tempos”.

Os israelenses atuais pouco ou nada tem a ver com os hebreus do Velho Testamento. Até a religião judaica passou por grandes transformações ao logos dos milhares de anos. Na realidade, Jesus era etnicamente mais próximo da população palestina atual, do que os israelenses descendentes de poloneses, alemães, ingleses ou russos.

A propaganda de Israel como “única democracia no Oriente Médio”

Outro setor que tem tido amplo espaço na mídia burguesa brasileira é os chamados liberais e sionistas “de esquerda”. Eles inundam as colunas de opinião nos jornais e os comentários na TV e tem força em setores da academia. 

Para este segmento, Israel é intocável pois é uma democracia “civilizada”, os colonos israelenses são “cidadãos inocentes”. Por isso, este Estado estaria autorizado a realizar todos os massacres. Alguns até se dizem contra os massacres, mas não reconhecem o regime de Apartheid e legitimam a ocupação colonial.

Apesar de não apelarem ao discurso religioso, quando se vêem sem argumentos sempre usam a carta da religião. Dizem que os judeus estão voltando a sua terra que a existência do apartheid em Israel é necessária para isso. 

Quando vão falar dos palestinos usam o método da “compaixão colonial”. Que Israel está lá para ajudar o povo palestino a progredir. Que na realidade é o Estado sionista quem sustenta economicamente a população palestina, entre outras mentiras.

Quando não usam desse método apelam para o racismo colonial “puro”. Dizem que os próprios palestinos nunca conseguiram constituir seu Estado pois são terroristas. Que a opressão que vivem é culpa de sua própria incapacidade em se governar. Alguns setores que se dizem de esquerda até falam que os palestinos teriam uma cultura atrasada, usando como argumento a suposta liberdade que a população LGBTIA+ tem no Estado sionista. 

Nada falam, entretanto, da completa falta de direitos dos palestinos. Das violações de locais sagrados de palestinos cristãos e muçulmanos, dos pogroms* organizados por colonos israelenses que assassinaram dezenas de palestinos. Nem falam que os árabes que têm cidadania israelense (20% dos cidadãos de Israel) são considerados pessoas de segunda classe.

É preciso combater a propaganda sionista no Brasil

Seja na sua versão reacionária e fundamentalista, contada por pastores vendilhões do templo, seja na sua versão “progressista” e liberal, estas duas formas de propaganda pró-Israel tomam todos os meios de comunicação. Entidades palestinas são silenciadas, comunidades islâmicas e do Oriente Médio estão cada vez com mais medo de sofrerem preconceito no Brasil. 

Não podemos ficar parados diante disto. O sionismo apoiou política e tecnologicamente o fascismo de Bolsonaro. Foi Israel quem vendeu sistemas espiões para o Brasil para ajudar o governo a perseguir movimentos sociais. São, portanto, adversários dos interesses do povo brasileiro e dos povos explorados do mundo. 

É preciso denunciar as mentiras contadas por esta propaganda. Derrotar a propaganda sionista é derrotar também ajudar a derrotar o fascismo no Brasil.

*Pogroms: chacinas organizadas contra uma comunidade em específico. Durante o Império Russo, os judeus foram as principais vítimas deste tipo de crime no passado.