Kamila Melo, mais conhecida como Kaemy, venceu o Duelo Nacional de MCs no último domingo (3), se tornando a primeira mulher a levar o prêmio da maior disputa de batalhas de rap do país.
Redação
BRASIL – Kamila Melo venceu o Duelo Nacional de MCs no último domingo (3) se tornando a primeira mulher a levar o prêmio da maior disputa de batalhas de RAP do país. Conhecida como Kaemy, a artista venceu a disputa contra Neo, MC do estado do Rio de Janeiro.
O Duelo Nacional de MCs é um projeto que envolve mais de 8.000 jovens de periferia que fazem RAP, consolidado há anos como o maior evento de Hip Hop brasileiro e é organizado pelo coletivo Família de Rua de Belo Horizonte, MG. A final da 11º edição foi sediada no viaduto de Santa Tereza, e recebeu no total 32 MCs de todos os estados do Brasil. A vitória desse ano é um marco importante por ser um prêmio fora do eixo sudeste. A Verdade conversou com a campeã sobre a vitória e os desafios de ser a primeira mulher a ocupar esse posto.
AV – Como foi chegar até o duelo nacional?
K – Foi um trabalho longo, muito tempo me dedicando e buscando melhorar, ir pro nacional é o sonho de todo MC, e pra mim é gratificante demais poder ir três seguidas e conseguir ser campeã.
AV – Qual a importância da vitória de ontem, pro seu estado?
K – O despertar de outros artistas MCs, mostrar que a gente também tem lugar e que é possível, trazer uma nova perspectiva pra cena goiana e cravar nosso nome do freestyle brasileiro.
AV – Quais são as dificuldades de ser uma mulher nesse meio que é tão masculino?
K – É em como qualquer outro lugar, tudo pra gente é mais difícil, mas essa parte eu ignoro, meu foco é mostrar que as minas também tão no jogo!
AV – Qual você acha que é o papel dos MCs das batalhas no processo de conscientização das juventudes?
K – O RAP sempre foi fundamental na sociedade, as batalhas dão seguimento nisso, instruindo, dando voz e mudando vidas.
AV – Porque na sua rima você achou importante denunciar o fascismo?
K – Porque não dá pra passar pano pra quem fechar com essa raça, sempre que tiver oportunidade eu vou gritar contra, nós MCs temos esse papel.
AV – Qual você acha que deve ser o papel do Hip Hop na luta antifascista?
K – Mostrar nossa força em repúdio, conscientizar a molecada, e não dar espaço pra falas que reproduzem o fascismo.
AV – Quais efeitos você já consegue sentir após a sua vitória?
K- Meu Instagram tá bombando, muita gente me dando os parabéns, sinto que o reconhecimento que eu sempre mereci tá chegando agora graças a Deus.
AV- A partir de agora, quais são seus planos pra sua trajetória no Hip Hop?
K – Continuar nas batalhas, fazer uma boa liga (FMS) e marchar no meu trampo musical, tenho muito que mostrar da Kaemy pra vocês.
Segundo Monge, organizador da Batalha Griot, o duelo nacional é um espaço de visibilidade para a juventude que ocupa as ruas com o Hip Hop. “São centenas de pessoas das organizações locais. chega a milhares de MCs participando do processo seletivo (…) as batalhas menores, que acabam mandando MCs pras pré-seletivas, as pré-seletivas mandam pras seletivas e aí vem pra cá. É um processo que dura meses, um ano praticamente”.
O artista ainda ressalta o papel da representatividade nessa edição: “Depois de dez anos, uma mulher voltar a ser finalista do duelo de MCs nacional – que foi a primeira edição e a da Kaemy – é um negócio que assim, é gigantesco isso que ela fez, e da forma como ela fez, porque ela teve uma campanha onde três anos seguidos ela veio pro duelo de MCs nacional como representante de Goiás, com uma ficha de vitórias maior do que derrotas, se não maior, é tipo assim muito próximo. Vitórias de rounds também, se não é maior é muito próximo. É um desempenho absurdo e ela não tinha sido notada até então.