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domingo, 24 de novembro de 2024

Não basta visibilidade, é preciso cessar a violência!

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A ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) liberou o novo dossiê sobre a violência contra as pessoas trans, os dados revelam que não basta a visibilidade, há necessidade de uma nova sociedade.

Rai Procopio Nunes,  a Kayênah, militante da UJR RS. 

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O contexto capitalista de nosso país é da constante violência com base em racialidade, gênero e classe. Havendo uma relação dialética entre essas opressões que são a base do sistema que castiga nosso povo. São acometidas em especial as vidas trans, não binárias e travestis, marginalizadas particularmente pelo patriarcado cisnormativo, sofrendo com a falta de escolarização, emprego e moradia, sintomas dos males desse sistema em seu ápice.

Referido contexto é amplamente comprovado pela pesquisa feita pela ANTRA, a associação divulgou no dia 29 de janeiro de 2024 o “Dossiê sobre assassinatos e violências contra travestis e transexuais”, o mais completo e atualizado demonstrativo sobre a batalha enfrentada pelas vidas trans em nosso território.

As vidas trans são uma parcela significativa da população, ainda assim as pessoas trans não podem ser contempladas pela burocracia de nosso país: são impedidas de acessar o direito à dignidade e documentos que representem suas vivências. Esse é o Brasil, território onde há milhares de vidas trans. Recordista em assassinatos de pessoas trans no mundo, nosso país completou em 2024  o 15° ano consecutivo  liderando esse ranking.

Tal perspectiva é visível pois, desde a infância as crianças trans já deparam-se vítimas do projeto político corrupto contrário aos interesses do povo, isto é, encontram-se sem amparo familiar, fruto de uma ideia colonial que determina a concepção de família.

Infelizmente, sequer há amparo na escola, resultado da falta de interesse do estado burguês em proporcionar ambientes saudáveis e não mercantis; precarizado e sem preparo para o acolhimento. Conforme a pesquisa feita pela ANTRA, 82% das pessoas trans abandonam o ensino entre os 14 e os 18 anos. 

Segundo o dossiê, a vida trans ceifada mais jovem em 2023 tinha apenas 13 anos de idade. Desde muito novas as pessoas trans já se deparam com o pior que nosso sistema proporciona. Como demonstram os dados, o cenário violento se acentua quando pensamos em um corpo trans que é racializado e, ou filho da classe trabalhadora. Mesmo em contexto de classe dominante por vezes este vê-se jogado à marginalização. No ano de 2019 reconheceu-se 110 vítimas fatais de transfobia no Brasil, destas pelo menos 85%  eram vidas negras.

A realidade de mais de 90% das mulheres trans e travestis é de recorrer à prostituição, sem possibilidade de acessar o mercado de trabalho, tampouco possuir educação regular. Trata-se de um projeto de extermínio contra a população que subverte a lógica de gênero imposta.

Essa violência não está exclusivamente nas ruas e praças, ela está dentro das casas legislativas. O jornal A folha de São Paulo realizou um levantamento que identificou cerca de 300 projetos antitrans apresentados durante o ano de 2023, essa violência contra nossa população tem um caráter político, faz parte do projeto colonial do Brasil.

Se a intenção da classe dominante é manter à margem, explorar e desumanizar, é  nossa intenção destruir esse sistema bárbaro, rumo a construção da nova sociedade, onde nossas crianças sejam acolhidas, possamos desenvolver e forjar o novo indivíduo.

As denúncias recentes são força para organizar essa indignação e arrancar conquistas, dado o reconhecimento necessário ao trabalho da associação em realizar o levantamento; denuncia também a falta do interesse público em identificar essa realidade.

Não basta visibilidade, vamos construir a nova sociedade!

Acesse o dossiê completo aqui.

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