Profissionais da educação realizam greve de 24 horas por valorização e contra o Novo Ensino Médio

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Felipe Annunziata | Redação


A greve nacional de 24 horas dos profissionais de educação levou milhares de pessoas a manifestações populares pelo Brasil. A mobilização, ocorrida no dia 26 de abril, é parte do calendário de lutas pela pauta de reivindicação de professores e funcionários escolares convocada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).

Entre as principais pautas dos grevistas, está a valorização profissional. Mesmo após o Governo Federal ter reajustado o piso nacional do magistério, em janeiro, vários estados e municípios insistem em descumprir a lei.

Na rede estadual do Rio de Janeiro, por exemplo, há professores que recebem apenas pouco mais de um salário mínimo. Esta situação se repete em outros estados e milhares de municípios pelo país. 

A falta de valorização dos trabalhadores da educação é hoje uma das principais causas da piora da qualidade da educação brasileira. As dificuldades na vida dos educadores, impostas pelos baixos salários, têm provocado problemas de saúde, dificuldades até para se locomover e se alimentar em função da rotina de trabalho.

Novo Ensino Médio

Outra pauta levantada pelos profissionais da educação foi a revogação do Novo Ensino Médio, defendida também pelo movimento estudantil. A recusa do MEC e do Governo Lula em revogar a reforma tem causado revolta, levando a várias manifestações de rua desde março. Os estudantes já organizaram duas manifestações nacionais e esta é a primeira greve nacional dos profissionais da educação contra a medida.

O Novo Ensino Médio tem piorado a situação da educação. Professores estão sendo obrigados a dar aulas de matérias para as quais não têm formação. Ao mesmo tempo, disciplinas consideradas tradicionais, como matemática ou história, perderam espaço no currículo.

Paralisação em todo o Brasil

A greve nacional paralisou atividades nas redes públicas do país. Em várias capitais, foram registradas manifestações que reuniram grevistas, estudantes e movimentos sociais solidários à luta em defesa da educação pública.

No Nordeste, manifestações expressivas ocorreram em Fortaleza e em Maceió. Os profissionais da educação do Ceará, estado do ministro da Educação Camilo Santana, reuniram-se na frente da Assembleia Legislativa.

No Sudeste, todos os estados aderiram à greve. Em São Paulo, a greve ocorreu principalmente na rede estadual, que realizou um ato no fim da tarde, na Av. Paulista, que contou com forte participação estudantil. No Rio, as redes estadual e municipal da capital também aderiram. 

No Centro Oeste, destacaram-se as mobilizações em Campo Grande (MS), onde mais de 160 unidades de ensino da rede estadual paralisaram. No Distrito Federal, a categoria aprovou uma nova greve, iniciada no dia 04 de maio.

No Amapá, Norte do país, os profissionais da educação realizaram uma assembleia, onde decidiram fazer uma greve de 15 dias para garantir um aumento salarial digno, negado pelo Governo Estadual.

No Rio Grande do Sul, os profissionais da educação fizeram uma caminhada pelas ruas do Centro da capital. Com apoio dos estudantes, realizaram uma manifestação em frente à Secretaria Estadual de Educação para exigir a revogação do Novo Ensino Médio.

Mais lutas em 2023

A realização da greve nacional do dia 26 de abril é mais um passo nas mobilizações em defesa da educação pública no Brasil. Foram seis anos de intensos retrocessos, com a imposição do Novo Ensino Médio, cortes brutais no orçamento e a falta de reajuste para centenas de milhares de professores e funcionários pelo país.

O desafio agora é continuar a mobilização. Há a possibilidade de várias redes públicas terminarem o semestre em greve por conta da negativa dos governos em dar uma valorização justa e revogar o Novo Ensino Médio.

Neste momento, a greve vem se mostrando como a única ferramenta que os profissionais da educação têm para fazer suas demandas serem ouvidas. Após a derrota do fascismo nas urnas, no ano passado, é preciso derrotar de vez as políticas que o antigo governo impôs à educação pública brasileira.

Matéria publicada na edição nº 270 do Jornal A Verdade