80 anos atrás, no chamado “Dia D”, iniciava-se a retomada da França pelos Aliados na II Guerra Mundial. Invasão da Normandia ocorreu 3 anos após o início da luta da União Soviética contra os fascistas.
Redação
HISTÓRIA – O que hoje é usado como uma peça da propaganda imperialista europeia e estadunidense foi, na realidade, uma obra de trabalhadores que se tornaram soldados na linha de frente contra o Nazismo na II Guerra Mundial. O conhecido “Dia D” não foi resultado de nenhuma genialidade ou excepcionalidade de generais estadunidenses ou ingleses, mas sim uma possibilidade graças ao enorme esforço soviético e da resistência antifascista europeia.
Nas praias da Normandia, em 6 de junho de 1944, 10 mil homens morreram ou ficaram feridos na guerra contra a Alemanha. Esta marca, para termos uma comparação, equivalia a quantidade de soviéticos mortos ou feridos em apenas 32 horas de combate na Batalha de Stalingrado, ocorrida um ano e meio antes, no interior da URSS.
No entanto, a operação dos Aliados foi importante para estabelecer o chamado “segundo front”, que o líder soviético Josef Stálin havia pedido aos ingleses e estadunidenses durante a Conferência de Teerã. Até o “Dia D”, os soviéticos lutavam praticamente sozinhos na Europa. Nas áreas ocupadas, a resistência antifascista encontrava a feroz repressão da Gestapo (polícia política nazista) e muitos foram parar nos campos de extermínio. No sul da Europa, os Aliados estavam avançando lentamente e ainda não haviam chegado ao Norte da Itália.
Governo britânico foi contra a operação
Um fato pouco conhecido no contexto do “Dia D” foi a oposição apresentada pelo governo da Inglaterra, liderado pelo reacionário Winston Churchill, que era contra o desembarque na França. Churchill, percebendo a liderança que os comunistas estavam ganhando na resistência ao nazismo, queria que o segundo front fosse iniciado na Grécia, para impedir um provável avanço soviético sobre o Leste Europeu.
A posição soviética era de que era fundamental derrotar os nazistas o quantos antes. Já naquela altura, mais de 20 milhões de soviéticos haviam sido mortos na guerra, para os povos da URSS a vitória era uma questão de vida ou morte, enquanto que para Churchill a questão principal era o jogo geopolítico que se estabeleceria no pós-guerra.
Os EUA naquela época foram simpáticos à proposta soviética, de fazer o segundo front no Norte da França. Para os americanos, o fim da guerra o mais rápido possível também era uma necessidade, pois estavam enfrentando os fascistas japoneses no Pacífico e uma guerra mais longa desgastaria ainda mais a população estadunidense. Diante da oposição soviética e estadunidense, os ingleses foram obrigados a acatar a proposta de que o segundo front ocorresse na França.
Trabalhadores e povos colonizados: os verdadeiros heróis do segundo front
Nesse contexto, quem foram, portanto, os verdadeiros heróis do “Dia D”? Importante lembrar que EUA e Reino Unido eram as principais potências imperialistas do mundo na época e, portanto, não eram os filhos dos ricos que iam para a luta, mas o povo trabalhador.
Na Normandia, muitos soldados estadunidenses eram negros pobres, que se alistaram para lutar contra o nazismo. Enquanto lutavam contra a forma mais brutal do fascismo, esses soldados enfrentavam a política de segregação racial dentro do próprio exército americano: soldados negros que deram a vida nos campos da França não podiam frequentar os mesmos bares e alojamentos de soldados brancos, tampouco podiam ter acesso a postos de alto escalão.
Os ingleses não ficaram muito atrás. Para a operação na França, ao longo de 1944, o Reino Unido se utilizou de tropas indianas, australianas e canadenses, além dos operários das grandes cidades do Reino Unido.
O governo provisório francês, do general De Gaulle, foi ainda mais intensivo na política de usar tropas coloniais. Para libertar o Sul da França, em agosto de 1944, foram os povos do Norte da África e da África Ocidental que foram mobilizados. Dezenas de milhares de africanos garantiram a vitória aliada na que ficou conhecida como “Operação Dragão”, que foi o desembarque Aliado na região da Provença, na costa mediterrânea francesa.
“Dia D” só foi possível por conta das vitórias soviéticas
Em 1944, a Alemanha já dava sinais que não resistira a abertura do segundo front na França. Foi esse o fato decisivo para garantir que os Aliados planejassem o “Dia D”. Mas a situação das tropas nazistas só chegou neste ponto porque os soviéticos, nos 3 anos anteriores, haviam imposto a maior guerra de atrito já vista na história da humanidade.
Milhões de tropas alemãs foram forçadas a ir para o Front Oriental enfrentar o povo soviético. Cada cidade, vila ou aldeia soviética ocupada pelos nazistas significava a morte de milhares de alemães e a destruição de toneladas de material bélico. A situação levou a Alemanha Nazista a um limite econômico e social. Foi esse cenário que permitiu os Aliados terem as condições para libertar a França.
Portanto, a vitória contra o nazismo na II Guerra Mundial não foi fruto de genialidade de generais imperialistas, ou da boa vontade dos líderes Aliados. A vitória sob o fascismo foi produto direto da mobilização da classe trabalhadora mundial, de todos os povos e continente e, em especial, dos povos da União Soviética.