Após a redução repentina das bolsas de permanência estudantil na Universidade Federal do Ceará (UFC), os estudantes se organizaram na luta do movimento estudantil e conquistaram aumento das bolsas.
Nathan de Deus | Fortaleza (CE)
EDUCAÇÃO – No início deste ano, os estudantes da Universidade Federal do Ceará (UFC) foram surpreendidos com a redução repentina das bolsas de permanência estudantil na
universidade: apenas 560 estudantes em Fortaleza foram deferidos no Processo Seletivo
Unificado (PSU).
Esse edital concentra as bolsas e auxílios de assistência estudantil na UFC, para receberem a bolsa BIA (Bolsa de Iniciação Acadêmica). Em 2023, 948 estudantes da capital cearense receberam a bolsa. A redução nas bolsas se deu pela criação do Auxílio Ingressante, uma
política importante para a permanência de estudantes recém-ingressos na universidade. No entanto, essa política demandou a realocação de um quantitativo orçamentário sem que os estudantes pudessem opinar sobre essa decisão. Quando se trata dos campi nos interiores, a situação é de ainda mais abandono: no campus de Sobral – maior campus dos interiores da UFC – apenas 80 estudantes tiveram acesso à bolsa.
O resultado da redução de bolsas foi o receio geral do corpo estudantil em conseguir se
manter na universidade. O cadastro de reserva para a bolsa BIA em Fortaleza contava com
1300 pessoas. Em Sobral – cidade em que maioria dos estudantes residem em municípios
vizinhos e pagam aluguéis caros – apenas 39 pessoas receberam o auxílio moradia,
enquanto 184 contarão com a sorte para saber se vão seguir com seus estudos ou não.
Dessa forma, muitos tiveram de procurar um emprego, um desses estudantes foi Gabriel
Gomes: “Eu estou no 7º semestre do meu curso e fui muito afetado pelo corte das bolsas. Sou transplantado de medula óssea, tratamento de um diagnóstico de Leucemia aos 18 anos. Ainda tenho algumas complicações, para as quais faço uso de medicamentos até hoje. E, infelizmente, não consigo receber esses medicamentos no SUS, e preciso comprar. Isso faz com que eu gaste mensalmente mais de R$200,00 só com medicamentos, e com a falta das bolsas tudo isso fica ainda mais difícil.”
Luta estudantil
A reação do movimento estudantil não poderia ser diferente. Através do Diretório Central dos Estudantes da UFC, da força do Movimento Correnteza e demais organizações políticas de esquerda, os estudantes realizaram manifestações que ocuparam o Restaurante Universitário da UFC e o Conselho Universitário, o maior espaço deliberativo da universidade.
Durante a manifestação, aprovaram a construção de um fórum em que os estudantes possam opinar sobre a disposição do orçamento da universidade. Após muita luta e pressão, também foi conquistada a chamada de 200 estudantes do cadastro de reserva da BIA, fruto da recomposição orçamentária das instituições federais em junho, conquistada pela greve federal da educação.
A história nos mostra que tudo que o nosso povo possui vem da sua luta, o fim da
escravidão; as leis trabalhistas; a meia passagem e o passe livre estudantil. Assim como a vitória das 200 bolsas na UFC. A luta do Movimento Correnteza e o DCE da UFC organiza o movimento estudantil por uma universidade feita pelo povo e para o povo.