Na quarta-feira (8/1), sob ordens da Prefeitura de João Pessoa, a PM da Paraíba e a GCM da capital despejaram as famílias que construíam há 4 meses a ocupação Olga Benário, na Zona Sul da cidade. Ação foi marcada por ilegalidades flagrantes
Redação PB
Na manhã desta quarta-feira (8/1), mais de 60 famílias que ocupavam um terreno em um bairro da Zona Sul de João Pessoa foram surpreendidas por uma ação de despejo realizada conjuntamente pela Polícia Militar do Estado da Paraíba (PM-PB) e a Guarda Municipal da capital paraibana (GCM-JP). A área estava sendo ocupada pelas famílias há 4 meses.
O nome da ocupação homenageava Olga Benario, exemplar dirigente comunista e destacada lutadora antifascista nos anos 1930. Sua coragem e firmeza no enfrentamento com os reacionários fizeram com que o presidente do Brasil à época, Getúlio Vargas, a deportasse para a Alemanha de Adolf Hitler ainda grávida, quando foi brutalmente assassinada pelos nazistas em seus campos de concentração.
“Entre lonas e paus, estamos livrando nossas famílias da violência. Eles estão colocando a gente como lixo nas ruas”, denunciou uma das lideranças da ocupação, Josefa Cristina, acerca do despejo. Após 4 meses de resistência das famílias no terreno, sem qualquer aviso prévio e nem notificação de órgãos de apoio como a Defensoria Pública da Paraíba e a Comissão de Conflitos Fundiários, a Prefeitura ordenou à Guarda Municipal e à Polícia Militar que despejassem as famílias que ocupavam o local, antes abandonado e coberto com lixo, sob a justificativa de construção de uma praça. “Não estão dando posição pra gente de onde vão nos colocar. Estamos à mercê de tudo”, aponta Josefa.
Novamente, manchetes sobre a popularidade e o turismo crescente da capital da Paraíba entram em contradição com a dura realidade vivida pela grande maioria do povo trabalhador da cidade. Neste mar de problemas, quem rema contra a maré e luta contra a desigualdade social são os movimentos populares, como o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), que acompanhou de perto o caso. “Estamos aqui mostrando a destruição da moradia de 64 famílias que antes habitavam este terreno, que estava abandonado. Hoje, a Prefeitura proporciona isso para essas famílias sem nem dar uma direção de onde elas possam habitar”, disse João Batista, coordenador do movimento.
Os tratores, que a mando da Prefeitura destroem as moradias construídas com muito suor e luta das famílias, escancaram a dura realidade da ausência de políticas públicas de moradia na capital paraibana, em benefício do interesse de alguns poucos empresários que ditam os rumos da gestão na cidade. “Ao mesmo tempo que João Pessoa teve uma valorização de seus terrenos e imóveis de 20%, essa é a realidade de quem mora na cidade. Essa é a política habitacional que a Prefeitura apresenta para o povo”, denunciou Yuri Ezequiel, presidente do Diretório Municipal da Unidade Popular, que esteve presente no local em apoio às famílias.