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quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

CARTA | Aos 66 anos da vitória da Revolução Cubana

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Em carta ao jornal A Verdade no mês do aniversário da Revolução Cubana, que triunfou em janeiro de 1959, leitor explica como conhecer esse processo foi decisivo para sua aproximação das ideias revolucionárias. 66 anos após vencer o imperialismo dos EUA, a luta de Fidel, Che e todo o povo de Cuba segue inspiradora

Thiago Augusto Zeferino | Blumenau (SC)


Eu ouvi falar da Revolução Cubana pela primeira vez na escola, através de um trabalho de História no 9° ano do Ensino Fundamental, onde precisávamos estudar a “Guerra Fria” e fazer uma apresentação sobre o tema.

Nessa época, em 2018, o Brasil passava por um crescimento do fascismo e por derrotas da esquerda entre as massas. O que resultou em cada vez mais falarmos sobre a ditadura militar, corrupção e “comunismo”, ou mais apropriadamente, anticomunismo.

Estudar a Revolução Cubana nesse período em que havia tanta mentira e difamação contra figuras revolucionárias e crescia a defesa aberta de ideias fascistas me fez ficar muito confuso. Não fazia sentido. Eu relia várias vezes os trechos e, quanto mais pesquisava, mais me surpreendia. Eu já não compreendia porque alguém era contrário a essa revolução…

Dominação imperialista

Cuba foi um país explorado pelo imperialismo dos EUA (Estados Unidos da América) de 1901 até 1959. Os imperialistas roubaram a independência de Cuba em sua luta contra a Espanha, transformaram Cuba em uma nação capitalista e falsificaram a política do país ao criar uma “democracia” em que apenas os indicados pelos EUA governavam e a oposição era perseguida.

Em 1952, quando o militar Fulgencio Batista promoveu um golpe de Estado fascista em Cuba, financiado e apoiado pelos EUA, toda oposição política se tornou ilegal. A tortura, o assassinato e o sequestro de opositores se tornaram comuns.

A economia de Cuba era completamente controlada pelos imperialistas estadunidenses e dependente de suas decisões. Todos os recursos do país, assim como o lazer, serviam para beneficiar os grandes latifundiários do país e os grandes ricos dos EUA. Por conta disso, a prostituição e o tráfico de drogas eram comuns nas ruas de Havana, a capital, e de outras cidades cubanas. Havia também muito apoio do governo para a criação de cassinos e casas de apostas e jogos de azar.

Enquanto isso, a população de Cuba era em sua maioria analfabeta, vivia nas ruas, sofria com o desemprego e a falta de acesso à saúde. A situação era muito parecida com a do Brasil e de outros países da América Latina: uma realidade de miséria e sofrimento causadas pelas classes dominantes burguesas e latifundiárias.

Surge a bandeira da rebelião

O movimento revolucionário, liderado por figuras como Fidel Castro e Che Guevara, representava um projeto de país completamente contrário àquele que governava Cuba era naquele momento. O assalto ao quartel Moncada, encabeçado por Fidel, representou a coragem do ser humano em se rebelar contra a injustiça. Foi um símbolo de esperança, que causou arrepios de animação e incitou a rebeldia no povo cubano.

A coragem e a determinação de Fidel ao enfrentar a ditadura de Batista e não renunciar a suas ideias mesmo no banco dos réus em seu julgamento, permanecendo firme na defesa da revolução e do povo cubano mesmo com sua vida em jogo, demonstram o que é ser um revolucionário de verdade. Isso me fez perceber que aqueles que criticavam Fidel não tinham nem 10% de sua coragem e nem 1% daquilo que ele tinha como ser humano.

Quando eu li o que ocorreu após a vitória da revolução, em um processo lindo de união de todo um povo contra a injustiça, me convenci mais ainda de sua defesa. Em poucos anos, a luta do povo cubano acabou com o analfabetismo, a miséria, a carestia, a prostituição, o tráfico de drogas e tirou o povo das ruas para dar moradia a eles. Uma conhecida frase de Fidel após a revolução demonstra o êxito do povo cubano em mudar a sua nação: “Esta noite, milhões de crianças dormirão na rua, mas nenhuma delas é cubana”.

O exemplo de Che Guevara

O fato definitivo que me fez ter certeza de que defenderia a Revolução Cubana foi estudar e conhecer a história de Che Guevara e de sua dedicação de vida, corpo e alma à luta contra a injustiça. Sua atuação não parou em Cuba. Ela perseverou nos países africanos, onde os povos lutavam contra o colonialismo, e nos demais países da América Latina, onde os povos se mobilizavam contra o imperialismo dos EUA e as injustiças cometidas pela burguesia e pelos latifundiários.

Che havia conseguido em Cuba um espaço para viver bem com sua família, além de conquistado o respeito de todo o mundo por sua luta. Mesmo assim, ele deixou a ilha, mais uma vez abnegando de seus confortos, para apoiar a luta dos povos de outras nações oprimidas. Até hoje, o governo cubano envia milhares de médicos para nações de todo o mundo, ajudando os povos e reafirmando toda demonstração de humanidade que existe na revolução.

Demorei mais alguns anos para entender o que tanto me encantava na Revolução Cubana. E era simplesmente a construção de uma sociedade socialista, desenvolvida pelo incansável povo cubano, que eu também gostaria que existisse no Brasil e em toda a América Latina. Pois se, existisse, eu não veria mais o tráfico de drogas atingindo a juventude e nem a guerra às drogas do Estado burguês que assassina centenas de jovens todos os meses; não veria mais pessoas desistindo dos estudos ou indo para o desemprego; e também não veria mais a miséria da fome e da pobreza atingindo as pessoas.

Nessa sociedade, eu poderia dormir tranquilo sem pensar nas dificuldades financeiras e nos perigos da violência a pessoas próximas. Poderia passar meus dias sabendo que a sociedade socialista, na qual viveríamos, é construída todos os dias com o mesmo amor e dedicação que Che e Fidel ofereceram à humanidade. O mesmo amor e dedicação que o povo cubano continua hoje a oferecer.

Defender a Revolução Cubana

Cuba é o primeiro país das Américas em que o povo erradicou analfabetismo e impôs uma derrota estratégica ao imperialismo estadunidense. Como alguém pode ser contra figuras revolucionárias como Che e Fidel, que defenderam o fim do analfabetismo e da exploração? Que não apenas defenderam essas ideias, mas pegaram em armas, deram suas vidas e enfrentaram até o fim a injustiça e a opressão para defender que haja saúde, educação, moradia e dignidade para o povo?

Neste 66º aniversário da Revolução Cubana, não podemos aceitar que se negligencie ou diminua seu papel histórico, e é preciso combater as mentiras do revisionismo e do imperialismo. A vitória do povo de Cuba é a prova de que todo povo explorado pode enfrentar e vencer o imperialismo, o fascismo e as classes dominantes. Assim como os cubanos venceram, nós também venceremos!

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