No dia 28/02, o Movimento de Mulheres Olga Benario ocupou a prefeitura da cidade de Campinas, em protesto contra a reintegração de posse sofrida pela Ocupação Maria Lúcia Petit Vive. O ato arrancou da gestão o compromisso de uma reunião para solucionar a demanda por um espaço
Movimento de Mulheres Olga Benario SP
Na última quarta-feira (26/02), a Ocupação Maria Lúcia Petit Vive, localizada no centro da cidade de Campinas, sofreu uma reintegração de posse ordenada pela Prefeitura do município. A ocupação do Movimento de Mulheres Olga Benario, que prestava atendimento gratuito às mulheres vítimas de violência, foi despejada por 13 carros de polícia, mesmo havendo apenas 3 mulheres no local.
Após um despejo que não tinha nem mesmo data marcada, o que é contra a lei, Campinas perdeu um espaço que não só acolhia mulheres, mas também servia como local de formação política e centro cultural, devido ao descaso do poder público.
“O movimento já tinha se comprometido a fazer a desocupação voluntária. Mesmo assim, nos despejaram sem avisar e sem nenhuma garantia de um novo imóvel. Nós estávamos dando uma função social para aquele local abandonado há mais de dez anos. A data da reintegração deveria vir acompanhada com o cumprimento do acordo por parte da Prefeitura de ceder um novo imóvel para as mulheres de Campinas”, denuncia Fernanda Nogueira, coordenadora do Movimento de Mulheres Olga Benario, ao jornal A Verdade.
Ocupação da prefeitura
Diante desse cenário, o movimento organizou um ato dentro da prefeitura que culminou na ocupação do espaço. Se somaram à manifestação a Unidade Popular pelo Socialismo (UP), o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e a União da Juventude Rebelião (UJR). Com caixa de som e palavras de ordem, as mulheres cobraram o compromisso apresentado pela prefeitura de garantir um novo imóvel para que o movimento continue atendendo as mulheres em situação de vulnerabilidade na cidade.
“Nós estamos aqui cobrando uma resposta da prefeitura. Nossa luta é justa, é pela vida das mulheres dessa cidade. Só esse ano foram mais de 5 feminicídios em Campinas e isso se agrava porque aqui não temos nem uma Delegacia da Mulher e nem uma Casa da Mulher que nos garantam atendimento de qualidade e segurança”, anunciou na manifestação Verônica, militante do Movimento Olga em Campinas e técnica da Ocupação Maria Lúcia Petit Vive.
Conquista de acordo
Com a prefeitura ocupada, o movimento conquistou uma reunião com o vice-prefeito, marcada para o dia 13 de março. “Nossa luta foi vitoriosa, foram 2 horas de uma ocupação da prefeitura que deu resultados. Saímos com o compromisso de uma reunião depois do Carnaval e vamos lutar para garantir que a gente saia dela com a data em que vamos entrar na nova casa. A organização das mulheres foi imprescindível pois fizemos a prefeitura nos escutar, mas vamos seguir intensificar nossas mobilizações e construir um grande 8 de marçona cidade”, afirmou Fernanda Nogueira, militante do Olga.
Após a ocupação, a militância saiu em marcha panfletando e convocando as trabalhadoras e os trabalhadores de Campinas a construir um histórico ato de 8 de março na cidade. A população que acompanhou demonstrou apoio à luta realizada pelo movimento, como relata Graciele: “Sou de Recife e estou visitando uma familiar. Vi as bandeiras e não pude deixar de dizer que é muito importante a luta do movimento, temos que nos organizar e exigir nossos direitos mesmo”.
Mayara Fagundes, servidora de Campinas e militante da Unidade Popular, sintetiza: “Nossa luta é justa e o que estamos passando aqui é um reflexo do sistema que vivemos. Nossa luta não termina com a conquista de uma casa nova, nós lutamos pelo socialismo! Por isso está na ordem do dia construir um grande 8 de março e organizar centenas de mulheres para lutar pelo fim do capitalismo e pela construção do socialismo”.