Na manhã de hoje, centenas de manifestantes realizaram a ocupação da Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes, na capital paulista, em ato contra o leilão das linhas 11, 12 e 13, previsto para a próxima sexta-feira (28). A ação contra a privatização foi reprimida com violência pela Polícia Militar.
Redação SP
Está marcado para a próxima sexta-feira, 28, o leilão do chamado Lote Alto Tietê. O projeto privatista do governador fascista Tarcísio de Freitas busca entregar, nas mãos da elite financeira, três linhas da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM): Coral, Safira e Jade. A proposta é de concessão por 25 anos, pagamentos de R$1,49 bilhão ao ano, além de um aporte público inicial de R$10 bilhões.
A ameaça de privatização teve início no primeiro semestre de 2024, após a concessão da linha 7-Rubi. A população demonstrou sua contrariedade à venda dos serviços públicos paulistas em plebiscito popular e os trabalhadores fizeram a denúncia das concessões em uma audiência pública em junho de 2024. Mesmo assim, o governo fascista de São Paulo publicou o edital do leilão com a data para 28 de março de 2025.
Além disso, a proposta de privatização também inclui o Programa de Demissão Incentivada (PDI), que tem como objetivo demitir 72% da categoria, ou seja, 4200 trabalhadores da ferrovia. Aos trabalhadores que permanecerem em seus postos, a proposta é de redução de 50% dos salários. Em depoimento para o A Verdade, um técnico de manutenção no departamento de edificações que pediu para não ser identificado para evitar represálias, o clima de revolta na empresa cresceu após a concessão da Linha 7-Rubi. “É compreensível, é muito difícil se doar 100% para um emprego que você não sabe se vai existir amanhã”.
Categoria aprova greve, direção do sindicato oferece golpe

Na última semana, ferroviários que trabalham nessas linhas aprovaram, em assembleia, a paralisação total do serviço à partir da meia-noite do dia 26, decretando greve como forma de pressionar o governo a abandonar a proposta de entregar as linhas para a iniciativa privada. Os trabalhadores afirmam que essa concessão significa a demissão em massa de metade dos trabalhadores, além da diminuição do salário para metade do ofertado hoje.
Numa manobra que desconsiderou a decisão já tomada e muito aguardada pelos trabalhadores, o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona Central do Brasil realizou uma audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho, que propôs a suspensão da greve até a próxima sexta-feira, dia 28. Sendo assim, mesmo com a primeira decisão que determinou greve a partir do dia 26, proposta amplamente defendida pelos ferroviários e população presente na assembleia, a greve foi suspensa.
Em resposta à decisão, vista como unilateral por parte dos presentes, dezenas de trabalhadores se uniram aos movimentos sociais presentes e partiram com panfletos para diversas estações incluídas no plano de privatização com o objetivo de mobilizar os ferroviários para uma nova assembleia e organização de greve.
A luta pelo transporte é coletiva

Na manhã de hoje, centenas de pessoas, incluindo amigos e familiares dos ferroviários e militantes de diversos movimentos sociais, realizaram a ocupação da Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes, localizada no centro de São Paulo, para pressionar o governador a cancelar imediatamente o leilão das linhas da CPTM. Recebidos já com intensa repressão, dezenas de pessoas foram feridas e três militantes foram detidos, sendo eles: uma assistente social, um estudante secundarista e o outro não teve ocupação divulgada.
As imagens são chocantes e os depoimentos impressionam. “É assim que age a polícia militar do Tarcísio de Freitas, jogando bomba no trabalhador que está lutando por seus direitos”, grita um dos manifestantes agredidos em imagens enviadas para nossa redação. Em outra imagem, é possível ver a PM erguendo uma das coordenadoras do Movimento de Mulheres Olga Benario nos braços com violência e empurrando para o camburão, numa clara demonstração de brutalidade desmedida.
“Nós fizemos o certo e não vamos dar nenhum passo pra trás”, afirmou um dos militantes detidos no 8º DP de São Paulo, localizado no Belenzinho. “Vamos continuar a luta contra a privatização!”.