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terça-feira, 1 de abril de 2025

Pernambuco é o estado com o maior número de endividados do Nordeste

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A dependência dos cartões de crédito e dos empréstimos tem marcado a vida do povo de Pernambuco. Mas quem lucra com uma população cada vez mais endividada?  

Clóvis Maia | Redação Pernambuco


BRASIL – Difícil andar pelas ruas do Recife e não se deparar com os inúmeros cartazes de empréstimos. A cada poste, parada de ônibus ou muro, lá estão as propagandas oferecendo possibilidades de empréstimos de procedência duvidosa, voltadas para gente humilde, prontas para pegar pelo bolso, literalmente.  

O problema é que, em meio a uma situação nada favorável para a classe trabalhadora, endividar-se infelizmente virou uma regra, e não uma exceção. Prova disso é que Pernambuco, segundo pesquisa realizada pelo Serasa, é o estado com o maior índice de inadimplência do Nordeste. Até maio de 2024, 46,4% da população em Pernambuco estava atolada em dívidas, especialmente no cartão de crédito. Ou seja, quase metade da população adulta, entre 41 e 60 anos, enfrenta esse problema.  

No país, a quantidade de pessoas com o nome sujo chegava a 72,5 milhões, com o Rio de Janeiro (54,16%), Brasília (52,74%) e Mato Grosso (52,51%) liderando o ranking nacional em abril do ano passado. Segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio-PE), a dívida dos pernambucanos no cartão de crédito afetava 93,7% das famílias. Quem ganha com isso? Os bancos, é claro.  

Com as atualizações dessas pesquisas prestes a serem divulgadas este ano, fica a preocupação de como a classe trabalhadora enfrenta essa dura realidade, com gastos cada vez maiores. Para se ter uma ideia, o Recife é também a capital com o aluguel mais caro do Nordeste e a terceira mais cara do país (dados da pesquisa Fipezap 2024). Além disso, 2025 começou com o aumento das passagens de ônibus na região metropolitana e a promessa de privatização do metrô e da COMPESA. Ou seja: aumento para nós e lucro para eles.  

“Se tiver caro, não compre”  

Em fevereiro deste ano, ao falar sobre a carestia dos alimentos, o presidente Lula cometeu uma gafe infeliz ao resumir a questão dos preços da comida a uma fórmula pouco efetiva no cotidiano dos brasileiros: “Se tiver caro, não compra”. Claro que, no mundo real, não é possível fazer esse exercício. Com preços cada vez mais altos, desemprego e contas chegando, é de se esperar que o uso dos cartões de crédito e o endividamento dos mais pobres se tornem ferramentas de enriquecimento dos banqueiros, tornando-os ainda mais ricos.  

Não basta apenas “educar o povo” em relação à inflação, como deseja o presidente. Não basta deixar de comprar. Aliás, quem tem o poder de fazer isso? Certamente, a classe trabalhadora não tem essa opção.  

Rebelar-se é justo  

Ao mesmo tempo em que se espalham as propagandas de empréstimos com parcelas “até o infinito”, cresce também a indignação da população. Imagine ter que passar até duas horas e meia no trânsito só para chegar ao trabalho e, antes do dia 20 de cada mês, ver o bolso apertar e as dívidas baterem na porta. O salário da mãe e do pai de família já chega comprometido para pagar o cartão e fazer mais dívidas, como cantou Agenor de Miranda Araújo Neto, em 1988: “Meu cartão de crédito é uma navalha”.  

Quando o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas decide ocupar uma prefeitura ou uma dessas grandes redes de supermercados — muitas envolvidas em esquemas nada lícitos —, a imprensa ignora ou chama de baderna e invasão. Como o povo não vai se revoltar ao perder o sono ou o apetite, vendo o pouco dinheiro escoar junto com os preços dos alimentos, dos aluguéis, das passagens, da luz, da água, dos remédios dos filhos?  

Mais do que se revoltar com o governo — que é o que essa imprensa tem feito —, precisamos explicar para as pessoas quem são os verdadeiros culpados: os donos dos bancos e dos meios de produção, os mesmos que lucram com a nossa miséria. Mas não adianta apenas a indignação. É preciso se organizar para pôr fim a esse sistema decadente chamado capitalismo. Está cada vez mais escancarado que as coisas não ficarão melhores para nós enquanto não destruirmos essas algemas modernas que nos prendem: os cartões de crédito, os empréstimos consignados, os juros abusivos e os sanguessugas e parasitas que nos deixam cada vez mais dependentes e infelizes.  

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1 COMENTÁRIO

  1. Materia importantissima! é muito triste ter que se submeter a juros bizarros de grandes pra banqueiros continuarem mais ricos! a unica solução cabivel é o socialismo.

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