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quinta-feira, 24 de abril de 2025

Papa Francisco defendeu a classe trabalhadora e denunciou genocídio na Palestina

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Em 2014, em entrevista ao jornal La Repubblica, Papa Francisco surpreendeu ao afirmar: “Os comunistas pensam como os cristãos. Cristo falou de uma sociedade onde os pobres, os fracos e os excluídos sejam os que decidam”.

Nayara Cordeiro | Campina Grande (PB)


Morreu, aos 88 anos, na manhã da última segunda-feira (21), o Papa Francisco. De acordo com o Vaticano, a causa da morte foi uma parada cardiorrespiratória em decorrência de complicações pulmonares.

Jorge Mario Bergoglio, o primeiro papa latino-americano da história, faleceu deixando uma gestão considerada “reformista” na Igreja Católica. Argentino, filho de trabalhadores, assumiu o papado em 2013 prometendo uma “Igreja pobre para os pobres”.

Sua última declaração pública foi um apelo pelo cessar-fogo imediato em Gaza, denunciando os crimes cometidos pelo Estado de Israel contra o povo palestino. Sua postura clara e firme em defesa da Palestina, ao lado de sua crítica permanente ao sistema econômico mundial, “uma economia que mata”, colocaram-no em confronto direto com as potências imperialistas, o conservadorismo cristão e os setores mais reacionários da própria Igreja. Francisco ligava todos os dias para o padre Gabriel Romanelli, da Paróquia de Gaza. A Faixa de Gaza conta com uma importante comunidade cristã que existe há quase dois mil anos.

Crítica à ganância capitalista

Em suas palavras e gestos, o Papa Francisco se aproximou da Teologia da Libertação, da tradição de luta dos padres e freiras que enfrentaram ditaduras, e das comunidades cristãs que vivem a fé no combate à desigualdade social e ao fascismo. Como líder maior da Igreja Católica, denunciava as injustiças sociais, a destruição ambiental, o racismo e as guerras imperialistas.

O Papa também enfrentou a extrema-direita mundial. Condenou o negacionismo, o armamentismo e os líderes que instrumentalizam a religião para fins autoritários. Seus embates com Jair Bolsonaro, Donald Trump e líderes católicos ultraconservadores marcaram uma divisão nítida entre suas posições políticas e o fascismo global.

“Os comunistas pensam como os cristãos”

Em 2014, em entrevista ao jornal La Repubblica, Francisco surpreendeu ao afirmar: “Os comunistas pensam como os cristãos. Cristo falou de uma sociedade onde os pobres, os fracos e os excluídos sejam os que decidam”. A frase gerou polêmica entre a ala reacionária da Igreja, mas sintetizou uma verdade histórica muitas vezes esquecida: o cristianismo das origens é, em sua essência, profundamente solidário.

O jornal A Verdade já publicou textos sobre essa relação entre cristianismo e a luta revolucionária, não no sentido institucional, mas na prática de vida. Francisco, mesmo sem romper com as estruturas do Vaticano, recuperou a memória de que Jesus não fundou impérios, mas comunidades; de que o Evangelho não legitima a opressão, mas sim a combate.

A estrutura conservadora da Igreja Católica

Agora, os católicos de todo o mundo se preparam para um novo Papa. Apesar de reunir 1,5 bilhão de fiéis em todos os continentes, apenas 135 cardeais terão direito a votar no novo Papa. Esta estrutura, de uma profunda raiz medieval, é o que tem garantido, nos últimos 1500 anos, colocar o governo da Igreja Católica ao lado dos governos dos ricos.

Francisco foi uma exceção a esta regra. A maioria de seus antecessores sempre se colocou ao lado dos governos capitalistas e contra as revoluções socialistas e os governos dos trabalhadores.

Este foi o caso do Papa Pio XII (papado entre 1939 e 1958), que, em troca do seu apoio ao fascismo italiano de Benito Mussolini, garantiu mais direitos e riquezas para a Igreja de Roma dentro da Itália. Outro exemplo foi o Papa João Paulo II, que perseguiu internamente clérigos de esquerda e progressistas durante a década de 1980. Foi durante o seu papado que padres ligados à Teologia da Libertação foram excluídos de espaços dentro da Igreja.

Agora, um novo conclave está prestes a se iniciar e muitos cardeais querem retomar essa posição conservadora e reacionária da Igreja. Com uma estrutura reacionária de governo, nada garante que as posições do Papa Francisco continuarão tendo influência na Igreja.

Mais importante do que esperar que venha um novo papa “progressista” é ganhar trabalhadores e trabalhadoras católicos de todo o mundo para as pautas que Francisco defendia. A defesa do meio ambiente, o combate à acumulação de riquezas capitalistas e a defesa do povo palestino são pautas urgentes para os povos do mundo.

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