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quinta-feira, 1 de maio de 2025

Surge no centro de Curitiba a Casa de Referência da Mulher Rose Nunes Vive

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Com políticas públicas insuficientes por parte do Estado para proteger as mulheres do Paraná, o segundo estado em números de feminicídio, mulheres criam Casa de Referência no Centro de Curitiba. A ocupação foi organizada em um espaço abandonado há quase 15 anos e que não cumpria função social, e é a 29ª casa construída pelo Movimento de Mulheres Olga Benario no país.

Redação PR


O Movimento de Mulheres Olga Benario realizou uma nova ocupação na capital paranaense, fundando a Casa de Referência da Mulher Rose Nunes Vive. Localizada no Centro de Curitiba, o objetivo do movimento é construir um centro de referência para atender mulheres em situação de violência.

A ocupação foi organizada em um espaço abandonado há quase 15 anos e que não cumpria função social, e é a 29ª casa construída pelo movimento no país. Inaugurada no dia 30 de abril, a atividade faz parte da agenda de lutas do movimento na campanha do Abril Vermelho, em memória às mulheres assassinadas pela ditadura militar fascista, que completa 61 anos de sua consolidação em 2025.

Após a primeira ocupação do movimento na capital, a quantidade de mulheres em situação de violência atendidas de forma voluntária mais do que dobrou, e os registros de violência só aumentam: o estado do Paraná, segundo dados do Laboratório de Estudos de Feminicídio da UEL (Lesfem), é o segundo estado em números de feminicídios no país.

Essa realidade de opressão não é combatida de forma eficaz através de políticas públicas. Segundo Emily Kaiser, coordenadora nacional do movimento, “os serviços existentes ficam disponíveis apenas em horário comercial, em alguns dias menos. A Delegacia de Curitiba, única no estado com atendimento 24 horas, funciona com serviços reduzidos, a depender do horário em que a vítima for. O atendimento da CMB (Casa da Mulher Brasileira) se restringe aos residentes da cidade de Curitiba, e só existe acolhimento em risco de morte iminente.”

Às vésperas do Dia Internacional dos Trabalhadores, a luta das mulheres por condições dignas de vida e trabalho ganha novo fôlego com a inauguração da Casa de Referência da Mulher Rose Nunes Vive, no Centro de Curitiba. A ação do Movimento de Mulheres Olga Benario reafirma que o 1º de maio não é apenas um feriado, mas um dia de resistência, de organização popular e de denúncia contra as violências que recaem especialmente sobre as mulheres da classe trabalhadora.

O aumento da miséria e do preço dos alimentos, altas taxas de desemprego e a intensificação da implementação da criminosa escala 6×1 são violências cometidas pelo estado, que somadas às rotinas de jornadas triplas e quádruplas da maioria das mulheres, as empurra para uma vida de privações, inclusive do direito de lutar por uma sociedade verdadeiramente justa.

Roseli Celeste Nunes da Silva – ou Rose, como era conhecida – foi uma dirigente do Movimento Sem Terra (MST). Defensora do direito das mulheres, trabalhadora da agricultura e mãe de três filhos, Rose organizou a ocupação da Fazenda Annoni, consolidada por mais de 7 mil famílias sem terra no norte do Rio Grande do Sul, a maior ocupação da história do estado.

Originária de Rondinha, um pequeno município gaúcho, se organizou e se tornou uma militante pela vida dura que viveu desde cedo: “Ela dizia que na cidade passava fome e que na luta pela terra, ao menos, teria onde plantar alimentos para sobreviver. Na hora de fazer a segurança ela sempre estava lá, nunca arredava o pé do acampamento. Sempre sorrindo, era positiva e para frente, nada a puxava para trás. Rose defendia os direitos das mulheres, falava que não podíamos nos acomodar e que tínhamos que lutar ao lado dos homens” relata Juraci Lima, assentada do MST que conheceu a revolucionária.

O Movimento de Mulheres Olga Benario atua nacionalmente organizando as mulheres no enfrentamento à violência e pela construção do socialismo. O Brasil é o 5º país que mais assassina mulheres no mundo, por isso o movimento realiza ocupações e o acolhimento às vítimas de violência através de uma rede de profissionais voluntárias, como advogadas, psicólogas, assistentes sociais, etc., com o objetivo de apresentar uma alternativa à realidade de violência e miséria que hoje as mulheres se encontram.

A Ocupação Rose Nunes nasce para denunciar a insuficiência das políticas públicas de enfrentamento à violência de gênero, atender as vítimas e organizar as mulheres por um mundo novo livre de opressão!

Rose Nunes vive!

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