Ocupação do DOPS-MG completa 42 dias sob risco de despejo por parte do governo estadual. Movimentos e partidos organizaram centro de memória em antigo local de tortura da Ditadura Militar Fascista.
Felipe Annunziata | Redação
BRASIL – Num espaço em que se vê as marcas de um dos piores períodos da História do Brasil, militantes de organizações de esquerda organizaram um Memorial dos Direitos Humanos. No local, que já recebeu mais de 300 pessoas em visitas guiadas, é possível ver antigas celas e salas de tortura organizadas para reprimir militantes socialistas e a população pobre, negra e trabalhadora em geral.
De acordo com um estudo realizado pela UFMG, dezenas de pessoas foram torturadas e mortas dentro das dependências do antigo DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), localizado na Avenida Afonso Pena, em pleno centro de Belo Horizonte. Durante a Ditadura funcionou no espaço também o DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna) de Minas Gerais.
Ameaça de despejo
O espaço, no entanto, corre o risco de sofrer um despejo por parte do governador fascista Romeu Zema (NOVO-MG). O governo de extrema-direita é um negacionista dos crimes da Ditadura Militar e tem tentando fazer um esforço para impedir a criação do Memorial e apagar os vestígios de tortura no local.
No prédio de arquitetura modernista é possível ver celas de presos, espaços para solitárias e salas de torturas, além de um canil onde eram criados cães treinados para atacar prisioneiros políticos.
Durante a ocupação, muitos ex-presos políticos tem participado da luta pela criação do Memorial. A proposta das organizações políticas é transformar o prédio, abandonado há 8 anos, num espaço de memória e verdade dos crimes da Ditadura Militar Fascista (1964-1985), conforme uma proposta organizada por um grupo de trabalho da Universidade Federal de Minas Gerais.