O Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Pernambuco (Seepe) decretou greve da categoria na cidade do Recife no último dia 08 de maio. A categoria realizou uma grande assembleia dia 05 e decidiu iniciar a mobilização após a Prefeitura propor um reajuste de 1,5% no salário e um vergonhoso aumento de R$ 1,00 (um real!) no vale-alimentação. Diversas categorias estão em greve na capital pernambucana, que, apesar de ser governada por um partido que leva o nome de “socialista” (PSB), está em situação crítica para os recifenses, que sofrem com um projeto privatista e antipopular. O jornal A Verdade acompanha as mobilizações e entrevistou Ludmila Outtes, presidente do sindicato. Clóvis Maia, Redação PE
A Verdade – Qual a pauta da greve e o que motivou essa mobilização aqui na capital?
Ludmila Outtes – A nossa data-base é em janeiro. Desde então, tentamos negociar com o prefeito João Campos, mas com muita dificuldade. A última proposta da Prefeitura de Recife, dada em abril, foi um reajuste de 1,5% e um aumento de um real no vale-alimentação, enquanto ele deu 33% de aumento para os secretários de sua gestão. Um absurdo!
Enfermeiros e enfermeiras aprovaram greve após a Prefeitura desmarcar a mesa de negociação no último dia 30 de abril, sem justificativa nenhuma. Realizamos uma assembleia histórica, com a presença de 220 enfermeiros do município e a greve se iniciou com grande adesão. 100% dos enfermeiros dos postos de saúde estão em greve, e as policlínicas de maternidade estão funcionando com 70%, por força da lei. Vamos seguir em greve até a Prefeitura retomar as negociações.
Várias categorias de servidores municipais de Recife estão em greve, como os professores. Qual é sua avaliação sobre essa conjuntura local?
Isso mostra a insatisfação da população, porque o servidor também faz parte da população do município. Mostra a precarização, que faz parte, inclusive, do projeto político dessa gestão de João Campos, que é privatizar. Então ele sucateia todo o serviço público, passando pela desvalorização dos servidores, para depois justificar privatizar tudo, como já fez com as creches, como está fazendo com os parques.
Existe também a expectativa de se privatizar postos de saúde aqui no município. A proposta está engavetada, mas, a qualquer momento, podem tirar da gaveta. Então é um projeto, e os servidores estão dispostos a não aceitar isso. Queremos valorização, queremos melhoria nas condições de trabalho, mais estrutura nas unidades de saúde e todas as categorias estão nesse mesmo clima.