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segunda-feira, 23 de junho de 2025

Governo Ibaneis Rocha e Terracap promovem despejo violento na Terra indígena Bananal, no DF

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O despejo violento da Aldeia Teko Haw, no Distrito Federal reflete a aliança entre interesses privados e poder público, ameaçando os direitos dos povos indígenas.

Caio Bessa e Joyce Melo | Rio de Janeiro (RJ)


LUTA POPULAR – Na manhã de 15 de abril de 2025, o Distrito Federal amanheceu sob fortes tensões. Uma operação conduzida pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar, em apoio à Terracap — Companhia Imobiliária de Brasília —, resultou em um despejo violento da Aldeia Teko Haw. Localizada na comunidade indígena Bananal, esta também é conhecida como Santuário dos Pajés, na Asa Norte da capital federal.

A área ocupa cerca de 50 hectares e abriga diferentes etnias, entre elas os Fulni-ô Tapuya, Tuxá, Kariri-Xocó, Guajajara e Tupinambá, e os povos indígenas que vivem ali a consideram sagrada. A área existe e resiste há mais de quarenta anos e, desde a década de 1990, indígenas reivindicam o reconhecimento da terra como território tradicional junto à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

Especulação Imobiliária e Interesses Privados: Ameaça aos Territórios Indígenas

Por estar situada em uma das regiões mais valorizadas do Distrito Federal, o território tem sido alvo constante da especulação imobiliária e de interesses privados ligados ao setor da construção civil. Denúncias apontam que o Governo do Distrito Federal (GDF) e a Terracap têm articulado acordos com grandes empreiteiras, como a Emplavi e Brasal, interessadas em incorporar a área ao projeto de expansão urbana do Setor Noroeste.

A ação foi marcada pelo uso de bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha, tratores e tropas montadas. Com extrema violência, ela atingiu a comunidade de surpresa, inclusive idosos e crianças que se dirigiam para a escola. Além da violência física, houve a invasão de espaços sagrados; por exemplo, a casa de reza Guajajara — centro espiritual da Aldeia Teko Haw — foi desocupada à força para ser destruída.

Apesar de um acordo judicial de 2018 ter reconhecido oficialmente 32,4 hectares do Santuário dos Pajés como território indígena da etnia Fulni-ô Tapuya, outras comunidades — como os Guajajara, Tuxá, Kariri-Xocó e Wapichana — também habitam a área, mas não foram incluídas nesse reconhecimento. O Ministério Público Federal (MPF) recomendou a remoção da Aldeia Teko Haw, alegando que ela não integra oficialmente a Comunidade Indígena do Sagrado dos Pajés.

A Luta dos Povos Indígenas pela Preservação de Seus Territórios

Segundo lideranças locais, a ação representa um conflito fundiário e um ataque aos direitos indígenas garantidos pela Constituição Federal e pela Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que assegura a consulta prévia, livre e informada para qualquer intervenção em territórios tradicionais.

Em entrevista ao Jornal A Verdade, o indígena e morador da Teko Haw, Ashaninka Tsonkiri, relata: “Como que um país que vai sediar a COP 30 está destruindo a floresta em plena capital do país? Aqui não é só um território. É um território sagrado. E nós precisamos da ajuda de todo mundo porque os ricos estão dominando o Judiciário, os ricos estão dominando as empresas, os ricos estão privatizando tudo. E nós não vamos permitir isso, porque nós já vivíamos aqui. Somos povos originários e exigimos respeito.”

Corrupção e Acordos Políticos

A responsabilidade pela operação recai diretamente sobre o governador Ibaneis Rocha, que busca a reeleição e, segundo denúncias, estaria cumprindo acordos políticos com grandes empreiteiras envolvidas em escândalos.

A CPI das Empreiteiras de 2021 escancarou um sofisticado esquema de corrupção envolvendo grandes construtoras e agentes públicos no Distrito Federal. O relatório apontou a existência de um cartel que fraudava licitações por meio de rodízios combinados, superfaturamento de obras e distribuição de propinas disfarçadas em “emendas parlamentares”. As empreiteiras não apenas decidiam entre si quem venceria os contratos, como também elaboravam projetos e influenciavam diretamente o orçamento da União, transformando o lobby institucional em um motor silencioso da captura do Estado. Apesar das provas documentadas, como trocas de obras entre empresas e relatos de favorecimento político, a CPI foi arquivada sem punições.

Esta ação escancara a aliança entre capital privado, poder público e forças policiais, que se articulam para avançar sobre territórios indígenas em nome do lucro. Trata-se de uma nova fase da colonização, agora movida por cifras e concreto. Enquanto Ibaneis promete sustentabilidade aos líderes mundiais, como fez durante o Brazil Economic Forum de 2025, o sangue indígena escorre no chão vermelho do Cerrado.

O ataque à Teko Haw não é uma exceção; porém, a resistência indígena permanece viva. A comunidade reafirma seu compromisso com a preservação de seus territórios, culturas e modos de vida. Aumentando essa luta, representantes da aldeia participaram do Acampamento Terra Livre 2025, em Brasília, buscando apoio de movimentos sociais e da sociedade civil para impedir o avanço da especulação sobre suas terras ancestrais. A resistência indígena se levanta com cada grito, com cada palavra, com cada denúncia. A aldeia vive, a luta seguirá!

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