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sábado, 26 de julho de 2025

Centenário de Frantz Fanon é homenageado pela FNR em Recife

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Estudo na sede da UP-PE homenageou Fanon e Lumumba no mês do centenário desses dois importantes militantes da causa negra. Foto: Guilherme Miguel, FNR-PE.

A Frente Negra Revolucionária (FNR) em Pernambuco promoveu dia 20 de julho, no dia do centenário de Frantz Fanon, um estudo em sua homenagem, e debateu a atualidade do pensamento e da obra do revolucionário martinicano. 

Clóvis Maia – Redação Pernambuco


LUTAS E HERÓIS DO POVO- Dia 20 de julho de 2025, o médico, psiquiatra, filósofo e revolucionário martinicano Frantz Fanon completaria cem anos. Para homenagear esse dia, a Frente Negra Revolucionária em Pernambuco realizou um estudo aberto do artigo “A morte de Lumumba: podíamos ter feito de outro modo?”, artigo publicado na revista Afrique Action, em fevereiro de 1961, um mês após o líder congolês ser assassinado a mando do imperialismo belga com apoio dos EUA.

O estudo foi uma dupla homenagem a esses dois revolucionários, já que Lumumba também teve seu centenário no dia dois de julho desse ano, e continuou a programação de atividades da FNR no estado.  No artigo, Fanon tece uma crítica ao processo de golpe sofrido pelos congoleses com o assassinato de Lumumba, mas também aos organismos internacionais e aos agentes do imperialismo.

Quase como se estivesse falando do Brasil de 2025, Fanon denuncia como “senadores e deputados congoleses iam para os EUA” ou “líderes sindicalistas eram convidados para irem a Nova York” para traírem seu país. A crítica feita nesse artigo à ONU é uma prova da postura militante de Fanon e que serve para explicar, por exemplo, a inércia das agências mundiais no caso da Palestina. Segundo ele, “a ONU nunca foi capaz de resolver um único problema posto pelos homens pelo colonialismo, e sempre que interveio foi para ir em socorro da dominação colonialista do país opressor (…) a ONU é a carta jurídica que os interesses imperialistas utilizam quando a carta da força bruta não deu resultado”.

Um militante combativo

Frantz Fanon nasceu em 20 de julho de 1925 na Martinica, uma ilha no Caribe colonizada pela França. Tendo estudado medicina e se especializado em psiquiatria, militou na Frente de Libertação Nacional da Argélia, também colônia francesa, tendo sido expulso do país por sua militância. Infelizmente, ele é diagnosticado com leucemia, que interrompe sua contribuição aos coletivos de libertação nacional de diversos países africanos em que ele esteve. Fanon faleceu em seis de dezembro de 1961, com apenas 36 anos. Suas obras escritas tornaram-se referência mundial na luta anticolonial e antirracista.

O legado revolucionário da obra de Fanon

“Pele negra, máscaras brancas”, de 1952, foi apresentada na academia como sua tese de doutorado, porém foi rejeitada pelo seu “conteúdo”. Aqui, ele denuncia como a linguagem é usada para dominação e a violência, além dos males psíquicos trazidos nesse processo. A metáfora das máscaras, que temos que colocar em determinadas ocasiões, numa forma de adequação imposta pela cultura do colonizador, bem como suas normas e valores, tornou-se um manual de luta contra a imposição imperialista, pensamento esse que ele vai aprofundar em “Os condenados da terra” (1961), demonstrando como a violência da colonização é também uma violência psicológica e o racismo uma ferramenta de controle social, a ser combatido por meio da organização coletiva.

Fanon não titubeava ao defender que apenas uma revolução poderia pôr fim ao colonialismo. Para ele, o reforço da dignidade do povo negro, a autoestima e a identidade cultural eram importantes no processo de busca e reafirmação do sujeito em sua identidade, mas que o processo de tomada do poder, de forma organizada para uma transformação radical da sociedade, era algo que não se podia abrir mão. Fanon foi rebelde, revolucionário e, consequentemente, até o fim de sua vida. Sigamos o seu exemplo, como ele assinalou em seu artigo sobre Lumumba, para seguirmos “essa tendência perigosa para o imperialismo”, que é também sermos revolucionários.

Frantz Fanon e Patrice Lumumba, presentes!!

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