A aprovação recente do tarifaço de Donald Trump ao Brasil, além de ameaçar nossa soberania, pode atingir nosso mercado. Em Petrolina, sertão pernambucano, a exportação de frutas poder sofrer com essa política, mas escancara as contradições do modelo capitalista em nosso país.
Redação Pernambuco
BRASIL – Conhecida como a “Califórnia Nordestina”, Petrolina é a terceira maior cidade do estado de Pernambuco, e se destaca por sua fruticultura irrigada, graças ao Velho Chico, que corta a cidade e toda a região do Vale do São Francisco. Essa produção de frutas, assim como a maioria do grande agronegócio Brasileiro, é destinada à exportação. A região do Vale do São Francisco é responsável por 90% da produção nacional de mangas para exportação, por exemplo, além da grande quantidade de uvas bem conhecidas e premiadas em avaliações internacionais.
Obviamente, quase toda a riqueza produzida pela abundância de recursos naturais no Vale do São Francisco não fica para o povo que mora aqui. A Família Coelho e a burguesia do agronegócio na região, comandam a cidade de Petrolina há séculos, estando completamente alinhados com a extrema direita e o fascismo no Brasil, seja no passado, com relações com a ditadura militar, ou então nos dias atuais, se aliando ao bolsonarismo, como vimos no ultimo governo.
Porém, o anúncio do presidente fascista dos EUA, Donald Trump, de uma taxa de 50% sobre produtos brasileiros, que começou dia 6 de agosto, tem ameaçado o setor local, que pode ter as exportações de manga e uva reduzidas em até 70%. Acontece que, com as frutas exportadas sendo uma das mercadorias mais afetadas, quem mais corre o risco é justamente a classe trabalhadora local. Estamos falando de 250 mil empregos diretos e 950 mil indiretos ligados à atividade do cultivo e colheita das frutas em Petrolina.
Riquezas para alguns, fome para muitos
De acordo com relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 60 milhões de brasileiros sofrem com algum tipo de insegurança alimentar. Nessa ameaça com a taxação de Trump, outra questão local fica exposta: as famosas frutas que são produzidas em Petrolina não ficam aqui. Desse modo, se não for possível que elas sejam vendidas para o mercado americano, elas bem que poderiam ser comercializadas aqui, certo? Pois não é bem isso que pensam os fazendeiros e empresários do setor local. No modelo de produção capitalista os alimentos são uma mercadoria, sendo uma mercadoria a sua única função é produzir lucro.
Situações como essas são normais dentro do sistema capitalista de produção, um sistema que desumaniza as pessoas e transforma tudo em mercadoria, em prol do enriquecimento de poucos. Somente a organização popular pode modificar essa realidade, realizando lutas que assegurem a soberania alimentar do Brasil para que possamos alimentar todos os famintos.
Ao mesmo tempo, essa situação econômica mostra como o capitalismo está cada vez mais integrado. Uma medida tomada por Trump lá nos EUA acaba respingando desse lado de cá do mundo, em pleno sertão de Pernambuco. Do mesmo jeito, a luta contra essa política e em defesa dos trabalhadores do campo também fortalece essa luta contra o imperialismo mundial, cada vez mais interessado em transformar tudo em mercadoria, nem que pra isso tenham que quebrar setores inteiros do comercio ou da indústria nesse processo em busca de mais lucros.