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domingo, 17 de agosto de 2025

Prefeitura de Campinas gasta milhões de reais com empresa de Israel

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O prefeito de Campinas Dario Saadi (Republicanos) já se provou o maior inimigo do serviço público da cidade. Como se não bastasse o sucateamento das escolas municipais, que tem enfrentado um intenso ataque de privatizações, a prefeitura tem gasto milhões do orçamento público na compra de materiais didáticos da empresa de Israel MindLab, diretamente ligada com o genocídio palestino.

Erick Padovan | MLC SP


BRASIL – As servidoras e servidores públicos da Prefeitura de Campinas, em especial da educação, receberam com assombro a notícia que a gestão Dário Saadi (Republicanos) e Wandão (PSB) gastaram aproximadamente R$ 15 milhões desde 2020 na compra de kits pedagógicos pela empresa MindLab.

Para além do valor exorbitante para a compra de materiais que não foram pedidos pela comunidade, o que revoltou as equipes escolares foi a ligação da empresa MindLab com o Estado de Israel. Ou seja, o dinheiro gasto nestes kits financia o genocídio palestino em curso, promovido pelo Estado de Israel.

Quem é a empresa MindLab?

MindLab é uma empresa fundada em Israel, em 1994, começando sua atuação no Brasil em 2007. Ela é uma empresa criada a partir de outra empresa em que normalmente a “empresa mãe” fornece capital para a criação da nova frente de exploração.

A empresa atua na área educacional e, segundo o site próprio, desenvolve “tecnologias educacionais inovadoras, focadas no desenvolvimento de habilidades e competências cognitivas, sociais, emocionais e éticas”. Atua no apoio a aplicação da polêmica BNCC em escolas públicas, realiza PPPs (Parcerias Público Privadas) com apoio de instituições que atuam na terceirização e privatização da educação brasileira como o BID (Banco

Interamericano de Desenvolvimento) e o Instituto Ayrton Senna.
Por meio da venda de produtos licenciados com tecnologia israelense, em especial para Prefeituras e Governos, a empresa chegou a lucrar em apenas um trimestre R$150.000.000 (de Julho a Dezembro de 2021). Isso significa que o lucro da MindLab provém diretamente do dinheiro público.

Na Prefeitura de Campinas foram encontrados quatro processos em Diário Oficial do Município de contratação da MINDLAB DO BRASIL COMÉRCIO DE LIVROS LTDA, de 2020 a 2023, sendo que agora em 2025 é que estes materiais estão previstos para chegar nas escolas:
2020: R$10.969.576,00
2022: R$1.593.360,00
2023(1º): R$1.716.000,00
2023(2º): R$611.780,00
Total= R$ 14.890.716,00

Em entrevista no dia 03 de Maio de 2025 à Revista Veja, o CEO Ivan C. Pereira planeja que para 2025 os lucros para a empresa somente com as PPPs, ou seja os investimentos em privatizações na educação, alcancem R$2 bilhões. Um verdadeiro desvio de dinheiro público para favorecer os grandes ricos do país e de Israel.

O que a Prefeitura de Campinas e a MINDLAB planejam para a educação em Campinas?

A educação em Campinas está abandonada. Com escolas sem reformas, falta de professores de apoio e de adjuntos, acidentes de trabalho aumentando, assédio moral e falta de um plano de cargos que de fato valorize os servidores da área. Ao mesmo tempo, a prefeitura investe pesado em compras de cursos e materiais que não foram discutidos  com os servidores ou com a população.

Tem aumento o projeto de terceirização e privatização nas escolas, por meio dos “Espaços do Amanhã” (antigas “Naves-Mãe”), que tiram os servidores das escolas públicas e entregam toda sua estrutura para OSCs (Organizações da Sociedade Civil). Estas OSCs estão normalmente vinculadas aos grupos políticos e religiosos que compõe o governo municipal, piorando o atendimento à população e impedindo o direito à educação da classe trabalhadora.

A ligação entre a Prefeitura e a MINDLAB coroa esse projeto de privatização da educação campineira, visto que os produtos comprados têm o objetivo de aprofundar a ideologia liberal na educação. São vendidas supostas melhorias por meio de “metodologias ativas”, “habilidades sócio emocionais”, “empreendedorismo”, buscando “melhores resultados” nas avaliações institucionais e gerando professores mais “felizes e engajados”.

Tudo isso nada mais é que tentar camuflar o verdadeiro problema da educação – o lucro acima da dignidade de professores e alunos. O que é visto na prática são reajustes salariais irrisórios para professores, escolas abandonadas, jovens sem esperança de futuro e a saída proposta pela gestão de direita da prefeitura é a destruição da educação.
Prefeitura quer sujar as mãos dos servidores municipais de sangue das mulheres e crianças palestinas

Conforme noticiado por A Verdade na edição de número 316 (Julho/25), o número de palestinos assassinados por Israel é de ao menos 55.000. Porém estudos indicam a possibilidade de mais de 377.000 palestinos mortos por Israel desde que o processo de colonização se tornou mais violento em 2023.

Ao mesmo tempo as manifestações populares em todo mundo contra esse genocídio televisionado cresceram exponencialmente, mostrando justamente que diversos Estados como o próprio Brasil financiam Israel e seu processo de limpeza étnica por meio de negócios entre os países. Por exemplo, o Brasil exporta petróleo, soja e aço para Israel e entre exportações e importações existe um fluxo de mais de R$2.000.000.000 entre os países, financiando a política fascista de Benjamin Netanyahu de morte dos palestinos.

Ou seja, a compra de kits educacionais por parte de uma empresa de origem israelense, como a MINDLAB, na prática significa financiar esse genocídio. E pior, a Prefeitura de Campinas pretende envolver os trabalhadores nesse esquema.

Trabalhadores dizem não ao uso da tecnologia MINDLAB!

Recentemente após o anúncio nas reuniões pedagógicas do uso desses materiais israelenses, os servidores expressaram sua indignação e estão organizando nas escolas campanhas de boicote aos kits, que segundo a Prefeitura devem ser distribuídos aos alunos e usados nas escolas.

Em entrevista ao Jornal A Verdade o servidor Mateus* relata sua opinião sobre o tema: “Não é de agora que a prefeitura tem adquirido materiais questionáveis que ninguém solicitou e que ficam entulhados na escola que já tem pouco espaço, só pra transferir recursos públicos para empresário, mas dessa vez ficamos indignados principalmente por ser de uma empresa do estado genocida de Israel”.

O Movimento Luta de Classes chama os servidores de Campinas a dizer não ao uso de tecnologia israelense na educação, não utilizar e não distribuir os materiais que financiam uma das piores atrocidades da história da humanidade.

Relembramos os exemplos recentes dos trabalhadores de portos e aeroportos do mundo que se negaram a carregar suprimentos militares que seriam enviados para Israel, ou também as denúncias de trabalhadores de grandes empresas que financiam o genocídio e dizem que não querem ter parte nesse crime.

E aqui no Brasil não é diferente, os servidores devem se juntar aos trabalhadores da Petrobrás e da empresa Aço Villares que afirmam: não temos interesse em ver nosso trabalho alimentar um massacre contra o povo palestino.

Conheça o MLC e se junte aos núcleos de luta!

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