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quinta-feira, 21 de agosto de 2025

80 anos do bombardeio de Hiroshima e Nagasaki

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Oitenta anos após Hiroshima e Nagasaki, os ataques nucleares que mataram mais de 200 mil pessoas visaram intimidar a União Soviética. Sobreviventes sofreram discriminação e abandono do Estado japonês, que hoje acelera sua remilitarização sob influência dos EUA.

Jesse Lisboa | Redação


HISTÓRIA – Há 80 anos, o imperialismo norte-americano incinerava as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, assassinando instantaneamente mais de 200 mil pessoas. Até hoje, a história contada pela burguesia, repetida por sua imprensa e por Hollywood, é a de que o massacre foi um “mal necessário” para “encurtar a guerra” e “salvar vidas”. Uma mentira deslavada para encobrir o real objetivo daquele ato de barbárie: uma demonstração de força e uma ameaça direta à União Soviética e a todos os povos que ousaram desafiar a hegemonia dos EUA durante a Guerra Fria.

As bombas atômicas foram explodidas para assustar a URSS e impedir a expansão do socialismo soviético. O Japão já estava militarmente derrotado. Hiroshima e Nagasaki foram o primeiro ato da Guerra Fria, um crime de guerra calculado para estabelecer a chantagem como principal ferramenta da política imperialista estadunidense.

A hipocrisia do Estado japonês e o sofrimento dos “Hibakusha”

As consequências do ataque, porém, não terminaram em 1945. Os sobreviventes, conhecidos como “hibakusha”, foram condenados a uma vida de sofrimento. Além das terríveis sequelas da radiação, como o câncer, eles foram vítimas de uma profunda discriminação por parte da própria sociedade e do Estado japonês. Temendo o “contágio”, muitos empregadores recusavam-se a contratá-los. O governo, por sua vez, criou uma burocracia cruel, negando a milhares de vítimas o reconhecimento oficial e o acesso a tratamento médico gratuito, em uma clara política de “discriminação de Estado”.

Essa crueldade se estendeu a outras vítimas do imperialismo japonês, como os milhares de trabalhadores coreanos e chineses que eram mantidos em regime de escravidão no Japão e que também foram atingidos pelas bombas. O Estado japonês, que até hoje se recusa a reconhecer plenamente os crimes de guerra que cometeu, como os experimentos desumanos da Unidade 731 –unidade de guerra biológica responsável por cometer crimes de guerra, incluindo experimentos humanos forçados com a população civil chinesa na Manchúria – também negligenciou esses sobreviventes.

Sob pressão dos EUA, Japão se rearma e a extrema-direita avança

A Constituição japonesa do pós-guerra, imposta pelos EUA, determinava que o país não teria forças armadas. No entanto, o que se vê hoje é um Japão em acelerado processo de remilitarização, que agora deseja usar seu antigo inimigo em sua estratégia para “conter” a China.

Esse rearmamento alimenta o crescimento da extrema-direita japonesa, que sonha em revogar a constituição e retomar o projeto expansionista do passado. Grupos fascistas e nacionalistas ganham força, com o mesmo discurso de ódio que levou o país à catástrofe.

Oitenta anos depois, a lição de Hiroshima é clara: o imperialismo, em sua busca por lucros e dominação, não hesitará em sacrificar milhões de vidas. A luta contra a extrema-direita e contra o imperialismo é inseparável da luta contra o capitalismo e pela construção de uma sociedade onde a vida humana valha mais do que o lucro dos grandes ricos.

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