O governo dos EUA intensificou a repressão contra imigrantes, com aumento de prisões, deportações e restrições de vistos. Desde janeiro de 2023, o Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) tem realizado incursões até em escolas e hospitais, ampliando o número de detenções.
Fernando Alves | Redação
INTERNACIONAL – Durante décadas, os governos dos Estados Unidos propagaram o estilo norte-americano de viver como sinônimo de liberdade e oportunidade, em especial, para os latino-americanos, vendendo a ilusão de classes para milhões de pessoas de que era possível viver bem no sistema capitalista. O resultado dessa propaganda é que, até os dias de hoje, muitas pessoas ainda acreditam que a saída para viver melhor e ter prosperidade é morar na “Meca do Capitalismo”, ignorando as mazelas geradas por esse próprio sistema.
Com o passar dos tempos, as contradições e a luta de classes se desenvolvem aceleradamente. O que antes parecia uma saída, foi revelando sua verdadeira face: aumento da exploração na fase imperialista do capital.
Com isso, aumentam os conflitos, as sucessivas crises econômicas nos principais países capitalistas, as guerras de invasão e dominação de territórios, tudo para acumular mais riquezas e matérias-primas, como vimos no Afeganistão, Iraque, Síria, Ucrânia, Palestina e em vários países da África, além das ameaças de novos conflitos, que obrigaram milhares de trabalhadores e suas famílias a migrarem para as regiões mais “prósperas” na busca desenfreada pela sobrevivência.
Esses milhões de refugiados e deslocados gerados pelos países imperialistas na sanha por lucros e poder aumentam as contradições do próprio sistema e mostram seu esgotamento.
E o que vemos: preconceito, discriminação e xenofobia crescentes. Na verdade, são apenas parte da representação da política dos governos capitalistas numa etapa mais reacionária da luta de classes, o fascismo. E o fascismo é parte intrínseca dos governos burgueses para aumentar a exploração e gerar extração de mais-valia das classes trabalhadoras.
EUA agonizam em crise
Nos Estados Unidos, o autoritarismo do governo de Donald Trump vem recrudescendo a política de imigração, com base na perseguição, fiscalização e deportação de milhares de trabalhadores, muitos dos quais já vivendo em situação regular no país. Prova disso é que, em 2022, havia aproximadamente 48 milhões de estrangeiros vivendo nos EUA, sendo que, destes, 77% já viviam em situação legal como cidadãos naturalizados, residentes permanentes ou temporários.
Estima-se que o total de imigrantes ilegais nos EUA, segundo dados de 2022, seja de 11 milhões de pessoas, com o Estado da Califórnia tendo a maior quantidade nessa condição.
Em janeiro de 2023, o Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE) começou a realizar incursões nas chamadas cidades santuários, promovendo uma caça às bruxas com centenas de detenções e deportados. Além disso, o governo fascista de Trump reverteu a política dos governos Biden e Obama, que era de maior “tolerância”, e deu permissão ao ICE para invadir escolas, hospitais e templos religiosos para perseguir os imigrantes. Essas incursões impactaram negativamente nos setores de agricultura e na construção.
Trump estabeleceu uma meta de 1.200 a 1.500 prisões diárias pelo ICE. A rede de televisão NBC News divulgou que o número de detidos aumentou de 39.238 para 41.169 nas duas primeiras semanas de fevereiro de 2025. O relatório da agência apresentou que 41% dos novos detidos não tinham nenhum antecedente criminal. Em junho passado, o jornal The Independent destacou dados de que as prisões não criminais haviam aumentado 800% desde abril.
Nem mesmo os professores e estudantes dos programas internacionais de intercâmbio estão sendo poupados. Mais de 80 instituições relataram vistos revogados, de acordo com a Inside Higher Ed. Pelo menos 300 vistos foram revogados.
Prisões e deportações
As incursões da ICE são realizadas com métodos reacionários, com os agentes usando máscaras e fazendo analogia com a SS nazista.
Outra polêmica envolvendo a política de imigração nos EUA são os voos de deportação e os centros de detenção – prisões para onde vão os imigrantes que serão deportados. Esses locais estão superlotados, o tratamento é deplorável, pois não respeitam os direitos humanos, a alimentação é escassa e precária, com muitos relatos de casos de alimentos estragados.
Outro fator sobre o problema das prisões é o recente acordo com o governo do Panamá de colaboração com a política de deportação dos Estados Unidos. Ao serem enviados ao Panamá, parte dos imigrantes ficam confinados no Hotel Decápolis, na capital, e são proibidos de receber visitas até de advogados e de sair na rua. Outra parte é levada para o centro de detenção na inóspita floresta de Darién, onde aguardam até serem repatriados para seus países. Segundo publicou o jornal New York Times, os relatos são de que as “condições são primitivas e há jaulas com grades”. O governo Trump já cogitou a possibilidade do uso da prisão de Guantánamo, em Cuba, para a mesma finalidade.
Outra polêmica que envolve a deportação de imigrantes são os voos com as pessoas algemadas nos punhos e nos tornozelos, sendo liberadas apenas nos países de destino, como no caso de milhares de brasileiros caçados e deportados de volta ao Brasil. O governo da Colômbia protestou contra esse tratamento desumano e enviou avião da Força Aérea Colombiana para resgatar seus patriotas nos Estados Unidos para não passar por esse tipo de tratamento. Infelizmente, o governo brasileiro nada faz, e os deportados brasileiros continuam chegando humilhados, algemados e acorrentados.
Revolução socialista libertará a humanidade
Essa política vem ocasionando grandes protestos nas principais cidades norte-americanas. Milhões de trabalhadores imigrantes estão indo às ruas protestar e exigir o fim imediato dessa política. As manifestações contam com o apoio de grande parte dos cidadãos estadunidenses, que não concordam com essa política racista.
Toda essa situação só reforça que o capitalismo nunca foi um sistema político de liberdade e oportunidades. Por isso, derrotar o fascismo e o capitalismo são partes de uma mesma luta que os povos devem realizar através de uma verdadeira revolução, tendo como bandeira e aspirações os ideais do socialismo para libertar a humanidade.
Matéria publicada na edição impressa nº319 do jornal A Verdade