O plano do imperialismo internacional de transformar a Palestina num resort de luxo tem sido rechaçado mundo a fora, enquanto só aumentam as mobilizações em solidariedade à Flotilha Global Sumud e ao povo palestino, que segue como exemplo de luta e resistência, defendendo seu território. Reproduzimos aqui a íntegra da nota pública da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal) sobre o “plano de paz” apresentado por Donald Trump.
INTERNACIONAL- O escandaloso “Plano de Trump”, feito a quatro mãos com o foragido internacional por crimes de guerra e lesa-humanindade, o genocida Netanyahu, para “acabar com a guerra” em Gaza é uma distopia colonial que despreza e humilha palestinos, tenta varrer para debaixo do tapete o maior crime cometido contra a humanidade no milênio, premia “israel” por exterminar crianças de fome e diz ao mundo que genocídio compensa. Uma vez que essa obscenidade é apresentada pela imprensa comercial do “ocidente” como um “plano de paz”, cabe a esta Federação, novamente, oferecer algo além da tradicional propaganda genocida regurgitada pela mídia à sociedade brasileira.
O primeiro — e óbvio — ponto a ser comentado é o fato de que os EUA, os maiores assassinos da história da humanidade, não têm nenhuma legitimidade para participar ou conduzir um “processo de paz” na Palestina. Os gângsters de Washington, democratas e republicanos, são os verdadeiros mandantes e financiadores do Holocausto Palestino, sendo “israel” nada mais do que um poodle raivoso dos estadunidenses para promover suas guerras de extermínio no Oriente Médio. A única participação que as lideranças políticas e militares dos EUA, tanto o açougueiro Biden quanto o plantonista a administrar o extermínio, Trump, deveriam ter na resolução do genocídio em Gaza é fazer companhia a Netanyahu no banco dos réus do Tribunal Penal Internacional.
Por falar em criminosos de guerra, poucas coisas são mais reveladoras sobre a depravação do “Plano de Trump” do que a reabilitação de Tony Blair, um dos maiores assassinos do século, para a distópica função de governador das ruínas de Gaza. Nem o mais criativo dos roteiristas de uma ficção científica poderia imaginar o retorno do açougueiro de Bagdá no papel de príncipe regente da paisagem pós-apocalíptica de Gaza. Por outro lado, realmente é difícil pensar em outros candidatos tão “qualificados” e de rebaixamento moral tão subterrâneo que poderiam aceitar tal função.
Ao invés de oferecer uma perspectiva real para uma solução política justa e duradoura para Questão Palestina, o “Plano de Trump” aprofunda a ocupação ilegal da Palestina, mantém Gaza sob o bloqueio genocidário israelense, restando aos palestinos passarem as próximas décadas tentando retirar seus familiares dos escombros sob uma administração de fome e condições subumanas. Um insulto às premissas mais elementares do direito internacional e do senso mais básico de humanidade.
Trump se coloca como “soberano de Gaza” não para realizar sua vulgar e egóica ambição por um Nobel da Paz ou necessariamente construir sua “riviera” no enclave palestino, mas para supervisionar o apagamento de provas do genocídio, blindar “israel” e os perpetradores da maior matança propocional da história de responderem pelo Holocausto Palestino nos tribunais internacionais e conduzir o processo de despalestinazação de Gaza e de toda a Palestina Histórica, este o objetivo original do projeto sionista “do Rio ao Mar”.
Em última análise, Trump está premiando “israel” pelo uso da fome como arma de guerra, um crime de lesa-humanidade, e abrindo um precedente histórico macabro e perturbador: cometer genocídio, aniquilar uma sociedade inteira e matar crianças de fome compensa. Afinal, o que há para negociar sob a perspectiva palestina? O que é oferecido ao povo palestino na costura desse “acordo”, do qual nenhum palestino tomou parte ou foi consultado? Capitulação ou extermínio total?
Os dispositivos do tal plano não dão conta nem de resolver questões urgentes como o fluxo de ajuda humanitária à população palestina sob o extermínio pela fome há dois anos! Que dirá oferecer garantias reais de que “israel” não retomará a orgia genocidária em Gaza quando “der na telha” ou permitir a reconstrução do enclave palestino. O plano soterra qualquer prognóstico de uma resolução para a questão palestina nos termos do que é consenso na comunidade internacional. Mais do que isso, prepara as bases para a nova etapa do Holocausto Palestino.
Por fim, ao contrário do que diz a propaganda sionista papagaiada na imprensa comercial, não está nas mãos “do Hamas” e do conjunto de forças palestinas aceitar ou não a imoral “proposta” de Trump e de “israel”, mas sim ao mundo confirmar se permitirá que a chantagem do extermínio de pessoas pela fome seja transformada em “moeda de negociação”, que a aniquilação da vida seja tornada “instrumento de diplomacia” e que genocídio, o crime dos crimes, compensa.
Palestina Livre a Partir do Brasil, 1 de outubro de 2025, 78º ano da Nakba
Nota disponível aqui.