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sábado, 1 de novembro de 2025

Estudantes sofrem prisão arbitrária e truculenta em escola técnica de Teresina (PI

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Militantes são presos durante manifestação em denúncia a ofensiva da SEDUC contra grêmio estudantil e democracia nas escolas do Piauí

Nimbus Pinheiro e Redação PI | Teresina (PI)


EDUCAÇÃO — Na tarde desta quinta-feira (30/10), a Secretaria de Estado da Educação do Piauí (SEDUC-PI) convocou uma assembleia para destituir o Grêmio Estudantil Torquato Neto, da Escola Técnica de Teatro Gomes Campos, no centro de Teresina.

 

A Secretaria, junto da diretoria da escola, isolou o presidente do grêmio, José Augusto, e acionou a Polícia Militar, que cercou a escola e tentou impedir a entrada de diretores da Federação Nacional dos Estudantes em Ensino Técnico (FENET), da Associação Municipal dos Estudantes Secundaristas de Teresina (AMES Teresina), e militantes do Movimento Rebele-se; “não-estudantes”, segundo a PM.

 

“Já de início, tavam querendo impedir que a gente entrasse em contato com os estudantes, com a diretoria, com a assembleia. Ou seja, mostrando, mais uma vez, que a SEDUC não tinha perspectiva de fazer algo democrático, mas sim de alienar o grêmio do companheiro”, aponta Laura Borges, diretora da FENET.

 

Sobre a assembleia, a SEDUC justifica a tentativa de destituição do grêmio com o argumento de “questões burocráticas”. Mas, na realidade, trata-se de perseguição a um grêmio combativo na Escola Gomes Campos. Além das inúmeras lutas travadas, e das conquistas de ônibus escolar e melhores condições para o refeitório da instituição, o Grêmio Estudantil Torquato Neto convocava uma greve estudantil para o mês de novembro, atendendo ao chamado da FENET, por melhores condições estruturais nas escolas técnicas do Brasil.

 

Militantes são presos arbitrariamente

 

José Augusto, também diretor da FENET, e diretor da AMES Teresina, foi, ainda, agredido, sufocado, e então imobilizado, após tentar se defender. Após algemar, o policial pressionou o joelho no pescoço de Augusto, já no chão. E, ainda, ao levantá-lo, enfiou o dedo no olho do gremista.

 

Além dele, Caetano Teles, do Movimento Rebele-se, teve o celular roubado, foi jogado ao chão e agredido. “Depois que ele me prendeu, foi me levando pra fora da escola. Me ameaçou, disse que ia descobrir meu nome, meu endereço. Que ia atrás de mim, e me deitar na porrada”, relata Caetano.

 

Dara Neto, do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), também foi algemada e tratada com truculência.

 

“Sei nem quem é, porque não se identificou, mas [o policial] tá aqui dizendo que não foi ele quem me prendeu, mas por ele, não tinha problema dar tapa na cara, e que não quer saber qual crime que eu cometi”, denuncia Dara, algemada, em vídeo gravado à tarde da quinta-feira, ainda na escola. “Eu falei que tenho meus direitos, ele disse ‘que direitos? Direitos é o de menos, não tem isso de direitos pra polícia’. Essa é a polícia de Rafael Fonteles”.

 

Os três foram presos, sem justificativa, e levados à Central de Flagrantes.

 

Grêmios sofrem perseguição pela SEDUC

 

A Secretaria, a mando do governo estadual, adota, hoje, uma postura autoritária com relação aos grêmios estudantis do Piauí. É imposto controle e tutela sobre essas entidades, transformando gremistas em funcionários não remunerados da Secretaria, e impedindo sua autonomia. Os grêmios que não se submetem a essa política, a exemplo do Grêmio Estudantil Torquato Neto, eleito democraticamente, são perseguidos; o que fere a Lei nº 7.398/1985, conhecida como “Lei do Grêmio Livre”.

 

O governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT) é fundador e um dos principais acionistas do Grupo Educacional CEV, rede privada de ensino do Piauí. Em sua gestão, o empresário impõe políticas neoliberais, como a privatização de estatais e a precarização de serviços públicos.

 

Por sua vez, a repressão pela Polícia Militar reflete a criminalização da luta dos estudantes, e surge como fruto do sistema capitalista, que condena as denúncias do abuso sofrido pela classe trabalhadora, ao mesmo tempo que reduz, cada vez mais, os seus direitos.

 

Após quase seis horas em cárcere, e sob vigília ferrenha de militantes e aliados sindicalistas, Dara, Augusto e Caetano foram soltos. Apesar da truculência e do autoritarismo da PM do estado do Piauí, a pressão popular conquistou a liberdade dos militantes, e reafirmou a importância da luta do movimento estudantil.

 

Lutar pela educação não é crime! Pela livre atuação dos grêmios estudantis!

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