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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Venezuela resiste a ameaças dos Estados Unidos

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Sob o pretexto de um suposto combate ao narcotráfico, o imperialismo estadunidense intensificou, desde setembro, sua escalada de agressões contra a soberania da Venezuela.

Redação


INTERNACIONAL – As ameaças e agressões do imperialismo estadunidense contra a Venezuela ganham novos capítulos. Desde setembro, ações se intensificaram e colocam em risco a soberania venezuelana. Esses ataques são anunciados como um suposto combate às drogas, uma requentada desculpa para justificar a ingerência do imperialismo na América Latina. Durante décadas, essa foi a justificativa utilizada contra a luta revolucionária na Colômbia, posteriormente desmascaradas, pois se tratava de uma ação política para instalar bases militares, sufocar a resistência popular armada e dominar o território e as riquezas colombianas.

Agora, utilizam a mesma desculpa com a intensão de invadir a Venezuela, retirar o presidente eleito democraticamente Nicolás Maduro, impor um governo títere pró-Casa Branca e dominar as riquezas do país. Em sua sanha bélica, o Governo dos Estados Unidos classificou Maduro como narcotraficante e chefe do chamado Cartel de los Soles, grupo de narcotraficantes que atua na Venezuela em colaboração com outros grupos de narcotráfico da Colômbia, como o Tren de Aragua e o Cartel de Sinaloa. Inclusive, já há denúncias de que o Cartel de los Soles conta com envolvimento direto do Departamento de Estado Norte-Americano (DEA) como suporte aos ataques à Venezuela.

O presidente da Colômbia Gustavo Petro denunciou que pequenas embarcações de pescadores têm sido alvos de ataques pelos Estados Unidos. Embarcações de pescadores de Trinidad Tobago e Venezuela também foram atacadas. No total, já foram sete embarcações e um total de 32 pessoas executadas por mísseis, sem qualquer processo legal, criando uma nova modalidade de pena de morte.

Essa narrativa criada pela CIA (Agência Central de Inteligência Norte-americana) já é muito conhecida para atacar governos não alinhados aos interesses da Casa Branca na região.

Como parte da estratégia dos Estados Unidos, também ocorreu a recente premiação do Nobel da Paz dado a Maria Corina Machado, opositora de extrema-direita ao governo de Maduro, uma notória golpista, apoiadora do genocídio de Israel contra o povo palestino, defensora do confisco dos recursos oriundos do petróleo depositados em bancos estrangeiros e dos bloqueios contra seu próprio país. Além disso, Donald Trump anunciou uma recompensa de US$ 50 milhões (cerca de R$ 270 milhões) por informações que levem à prisão de Maduro.

Controle do petróleo e do gás

Na verdade, os verdadeiros objetivos que estão por trás das ameaças de Donald Trump contra a Venezuela são o de garantir aos poderosos monopólios capitalistas o controle das gigantescas reservas de petróleo e gás da Venezuela, além de terras raras e metais preciosos estratégicos para produção de tecnologia de ponta.

Para isso, os Estados Unidos vêm promovendo diversas ações de espionagem, inclusive como o próprio Trump já anunciou, com utilização de agentes secretos da CIA dentro da Venezuela e o deslocamento de navios e aeronaves de guerra, além de soldados, para o Mar do Caribe, próximo à costa venezuelana, segundo reportagem do jornal The Washington Post.

O governo Trump ordenou ainda a ação de aeronaves da unidade de elite do Exército estadunidense “Night Stalkers” (Caçadores da Noite), especializado em ações noturnas e que realiza missões de alta precisão. O grupo é composto por helicópteros de ataques pesados e possui uma divisão com drones de reconhecimento e inteligência.

Resistência popular

Internamente, a Venezuela vive um debate sobre a construção de uma Frente Popular Antifascista e Anti-imperialista, tendo como protagonistas os movimentos populares, revolucionários, sindicatos, organizações de massas estudantis, de bairros, mulheres e camponeses pela defesa da nação de possíveis invasões por parte dos EUA.

A resistência popular ganha força, em especial, nas populações mais pobres. A defesa do país vem sendo organizada pelo governo. Trump já declarou que também poderá realizar ataques por terra, mas esbarra na posição do Governo da Colômbia, que já se colocou abertamente contrário a uma ação militar do imperialismo na região.

Essa não é a primeira vez que os Estados Unidos tentam desestabilizar e derrubar o governo bolivariano da Venezuela. O problema é que, passados 26 anos da revolução liderada por Hugo Chávez, o governo mantém intacto o modo de produção capitalista, não confiscou os meios de produção das mãos da burguesia.

Em meio à grave crise econômica mundial e ao esgotamento do sistema capitalista como saída para a humanidade, a Venezuela se vê encurralada. Os países imperialistas e os monopólios econômicos sufocam o país com sanções econômicas e ações políticas, que restringem o comércio com outros países, confiscam parte dos lucros da venda do petróleo, provocando crises de abastecimento, principalmente de alimentos e bens de consumo essenciais, com fortes impactos nas famílias trabalhadoras.

Com a luta de classes mais acirrada, setores de extrema-direita e fascistas, financiados pelos Estados Unidos, recrudescem suas ações de golpes, exploram as contradições em parte das massas empobrecidas desiludidas com o governo bolivariano e ocupam o espaço como principal oposição à Maduro.

Nem mesmo a aliança com a China e a Rússia é garantia de solução para enfrentar uma invasão. Somente a força e a mobilização das massas populares pode impedir um possível ataque, derrotar o imperialismo e criar as verdadeiras condições para uma revolução socialista.

Matéria publicada na edição nº324 do Jornal A Verdade.

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