As principais forças políticas italianas criticam a decisão do presidente Napolitano (foto) de criar uma “comissão de sábios” para resolver a crise política. O país continua a ser governado por um primeiro ministro não eleito que teve dez por cento nas últimas eleições gerais.
Depois dos “tecnocratas”, que continuam a governar, surgiram os “sábios”. Num dia em que os jornais italianos admitiam a sua demissão, o presidente Giorgio Napolitano anunciou a criação de uma “comissão de sábios”, constituída por dez personalidades por ele escolhidas, encarregada de definir objetivos mínimos para acordos políticos suscetíveis de conduzir a um novo governo.
Depois de algumas horas de expectativa, os partidos mais votados nas últimas eleições gerais criticaram a decisão e declararam-se pouco dispostos a colaborar com os escolhidos do presidente. A direita berlusconiana respondeu que “com todo o respeito que o presidente merece, os grupos que formou não servem para nada”. O Partido Democrata de Piero Luigi Bersani declarou-se “cético” em relação à iniciativa presidencial. O Movimento Cinco Estrelas, do ator e populista Beppe Grillo, manifestou-se desconfiado dos “misteriosos negociadores ou mediadores que operam como grupos de sábios ou zeladores da democracia”.
O único apoio declarado partiu do grupo “Desafio Cívico”, do primeiro ministro em exercício, Mário Monti, que recebeu apenas dez por cento dos votos e continua a ser a correia de transmissão, em Roma, das políticas de Bruxelas e Berlim. O presidente Napolitano que, segundo a imprensa, recebeu um telefonema do presidente do Banco Central Europeu, Mário Draghi, pedindo-lhe para não se demitir, afirmou que Monti está em plenas funções e pode continuar a governar com o novo Parlamento. A direita de Sílvio Berlusconi respondeu que Monti é “um zombie”.
O anúncio da criação da “comissão de sábios” seguiu-se à desistência de Pier Luigi Bersani de formar governo, depois de o mesmo ter acontecido a Berlusconi e Grillo. O chefe da direita continua a insistir numa aliança com Bersani mas, até ao momento, o Partido Democrático tem rejeitado.
A saída mais evidente para a crise seria a convocação de novas eleições gerais, mas o presidente está constitucionalmente impedido de o fazer por se encontrar nos seis últimos meses do mandato, o chamado “semestre branco”, que se prolongará por mais um mês e meio, até 15 de Maio.
Fonte: BE Internacional