No mês em que comemoramos o Dia Mundial do Meio Ambiente (05 de junho) e que se realizará a Rio+20 e a Cúpula dos Povos, faz-se jus uma abordagem dialética da questão ecológica.
Quando se fala em meio ambiente, logo nos vem à mente: aquecimento global, destruição da camada de ozônio, desmatamento; temas mais abordados pelos meios de comunicação de massa, mas outro aspecto da questão é pouco abordado e discutido.
Os estudos da Biogeografia, ramo interdisciplinar da Biologia e Geografia, comprovam que em qualquer ecossistema, seres vivos transmissores (os vetores) de organismos patogênicos (causadores de doenças) são controlados por seus predadores naturais.Conforme mostram os estudos da bióloga Márcia Chame, pesquisadora da Fiocruz e da Fundação Museu do Homem Americano, com a exploração predatória e consequente poluição e devastação dessas áreas, os predadores naturais são extintos, e os vetores se proliferam pelos grandes centros urbanos e demais cidades, ocasionando epidemias de novas doenças gravíssimas. Esta é a razão das epidemias dos vírus Ebola e Lassa na África, fruto da devastação das florestas tropicais africanas pelas potências imperialistas (em especial europeias), através da atividade predatória de suas indústrias de mineração e extração de madeira.
No Brasil, a Caatinga, que abrange predominantemente o Nordeste, mas também parte do Centro-Oeste e de Minas Gerais, tem sido vítima da devastação de sua flora pela indústria carvoeira para alimentar a guerra imperialista do Iraque, isso por que o ferro-gusa, matéria-prima do aço das armas de fogo, é obtido em fornos de fundição alimentados com o carvão, obtido da queima da vegetação caatinguense. Isso sem falar da caça predatória para o tráfico de animais. Segundo Aldo José, biólogo especialista em répteis, “só os lagartos, por exemplo, tem grande importância no controle da população de insetos, muitos dos quais vetores de doenças, como o mosquito Aedes aegypti”.
Vale ressaltar ainda a devastação da Mata Atlântica pelo agronegócio, que tem ocasionado a proliferação de ratos silvestres e consequente surto de hantavírus em cidades do interior de Minas, São Paulo e Goiás. O hantavírus é um vírus mortal, ocasiona febre hemorrágica, como o Ebola, porém mata a pessoa infectada em 48 horas. Na Floresta Amazônica, a devastação das madeireiras, mineradoras (Vale do Rio Doce), agropecuaristas (gado+soja e demais ramos do latifúndio monocultor) coloca em grande risco a natureza, isto porque a floresta possui grande quantidade de vetores de vírus e outros microorganismos mortais, mais letais e agressivos que o hantavírus supracitado. Cabe citar o vírus sabiá, que já infectou e matou membros da população ribeirinha e um cientista brasileiro que o estudava.
Tudo isto mostra o perigo que representa o capitalismo para a própria existência da humanidade, e quão necessária é sua substituição por uma ordem societária superior. Toda esta ação predatória é fruto do caráter anárquico da produção capitalista, que tem como razão de ser a reprodução de forma crescente e ampliada do lucro individual, que está em flagrante contradição com o conjunto do meio ambiente.
Só uma planificação centralizada da produção e da sociedade, visando ao bem-estar da maioria, com controle consciente dos produtores sobre a natureza, teremos produção e distribuição de mercadorias capazes de atender à necessidade de todos, ao mesmo tempo evitando o colapso ambiental e o consequente fim de nossa espécie. Este novo regime é o socialismo.