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quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Norma Rae, um filme sobre a mulher e a luta sindical

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Em uma cidadezinha do Sul dos EUA, (Hinleyville, estado do Alabama), há uma fábrica têxtil de 800 operários, onde as condições de trabalho são péssimas. Falta segurança, sobra um barulho infernal e um salário de fome. Nesta fábrica trabalha uma família de pai, mãe e filha. A filha se chama Norma Rae (Sally Fields, atriz do seriado norte-americano Brothers and Sisters), que constantemente entra em choque com a direção da empresa contra os maus tratos recebidos pelos operários. Em um dado momento, a mãe de Norma perde a audição temporariamente (caso comum em indústrias barulhentas) e é tratada com descaso pelo supervisor.

Daí em diante, Norma passa a reclamar cada vez mais das péssimas condições de trabalho. Notando a “má influência” que era para os demais operários, é promovida pela empresa para o cargo de supervisora de qualidade, como tentativa de cooptação. Norma fica no cargo até o momento em que percebe que seus colegas não a vêem mais com bons olhos, e então volta para o tear.

Certo dia, aparece na cidade Reuben Warshowsky (Ron Leibman), dirigente do Sindicato dos Tecelões da América (TWUA, em inglês), que chega com a missão de organizar a categoria na “única fábrica têxtil norte-americana em que ainda não há sindicato”. Norma e Reuben se conhecem e depois se reencontram, logo após ela ter sido esbofeteada pelo homem com quem mantinha um relacionamento. A partir de então, passam a ter uma relação de amizade e companheirismo muito profunda.

A partir de então, Warshowsky passa a influenciar decididamente o pensamento político de Norma, e muda sua vida radicalmente. Ao passo que se engaja mais no sindicato, vai enfrentando novas dificuldades, principalmente por sua condição de mulher operária. Paralelamente, casa-se com Sonny, outro operário da fábrica, e procura retomar sua vida afetiva. Já é mãe de um garoto e uma garota, filhos de pais diferentes. O filme propõe uma discussão sobre o papel da mulher na sociedade. Como ser a “rainha do lar” sem ajuda do marido no serviço doméstico pequeno e ainda dar conta de participar ativamente das questões de relevância social? Como ser protagonista de sua própria história e da história humana quando se está presa a uma jornada dupla? Como ser dona do próprio destino, quando os salários são mais baixos, quando há assédio por parte de seus superiores e de alguns colegas de trabalho?

Tendo que cuidar dos filhos, da casa, trabalhar na fábrica e ainda organizar o sindicato, vê-se constantemente exausta. Enquanto isso, as reuniões crescem de tamanho e os trabalhadores começam a falar dos seus problemas. Por conta do fortalecimento do sindicato, Norma passa a dedicar menos tempo as tarefas domésticas, o que gera brigas entre ela e seu marido, que não enxerga bem sua militância.

Baseado em fatos reais, Norma Rae (1979), dirigido por Martin Ritt, tem outra cena muito marcante. Quando Norma é demitida, dirige-se para o centro da fábrica, escreve à mão um cartaz com a palavra UNION (sindicato), sobe em cima de uma mesa e, pouco a pouco, os operários vão desligando as máquinas uma por uma, causando uma paralisação de protesto. Mesmo com o sacrifício da demissão de Norma, as vitórias do sindicato logo aparecem.

Denúncia profunda da exploração que sofrem os trabalhadores (e as trabalhadoras em especial) na sociedade capitalista, Norma Rae é uma excelente opção de filme para assistir e debater sobre a luta de homens e mulheres por mudança social, organização de classe e rebeldia.

Yuri Pires, crítico de cinema de A Verdade

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