A classe operária é a força principal para garantir e realizar a revolução socialista no Brasil. Sem ela, é impossível vencer a burguesia, seu Estado e seu exército. Porém, muito embora todos digam que estão de acordo que a nossa tarefa central seja organizar o partido na classe operária, pouco temos avançado nesse trabalho.
Num país onde a classe operária se constitui numa gigantesca força, a ponto de o atual presidente da República ser um ex-operário, é evidente que é necessário conquistar essa classe operária para a revolução. Este é exatamente o primeiro e o mais importante trabalho que hoje temos que realizar.
No entanto, esse objetivo só será atingido se levarmos a classe operária a adquirir uma nova consciência, uma consciência política revolucionária. E para desenvolver a consciência das massas o meio mais eficaz é desenvolver suas lutas. É claro que nessas lutas, a principal ajuda que os comunistas devem dar é no sentido de avançar a consciência da classe operária. Porém, o que devemos entender por consciência de classe?
Consciência de classe dos operários é a compreensão de que o único meio de melhorar sua situação e de conseguir sua emancipação consiste na luta contra a classe dos capitalistas. Assim, consciência de classe dos operários implica a compreensão de que os interesses de todos os operários de um país são idênticos, solidários, que todos eles formam uma mesma classe, distinta de todas as demais classes da sociedade. Por último, consciência de classe dos operários significa compreender que, para alcançar seus objetivos, a classe operária precisa atuar politicamente por meio de seu partido.
Os operários só adquirem essa compreensão a partir da luta que travam contra os patrões no seu dia-a-dia. Portanto, é estando presentes nessas lutas, atraindo um número cada vez maior de operários para elas, que os comunistas revolucionários conseguirão desenvolver uma consciência de classe no movimento operário. A atividade principal do nosso partido deve ser, portanto, a luta de classe dos operários. Mas essa atividade não deve consistir em idealizar meios de moda para alcançar a influência entre os operários, e sim aderir ao movimento operário, ou, em outras palavras, ajudar os operários na luta concreta que eles estão desenvolvendo.
Houve tempo em que a indignação dos operários contra o capital se expressava num sentimento confuso de ódio, que os levava a querer se vingar dos capitalistas. Os operários, então, destruíam as máquinas, as fábricas. Esta foi a primeira forma do movimento operário resistir à exploração. Depois, os operários começaram a compreender o antagonismo de interesses entre a classe operária e os capitalistas. E então começaram a se reunir, discutir ações comuns, organizar suas reivindicações e apresentá-las aos capitalistas, a exigir melhores condições de trabalho, aumento de salários e redução da jornada. Para ver essas reivindicações atendidas, realizavam as greves. Cada greve ensina aos operários quem são os patrões e por que eles são seus inimigos. A greve mostra também o tamanho da força da classe operária.
Cada greve enriquece a experiência de toda a classe operária. Se a greve resulta vitoriosa, mostra à classe operária a força da união dos operários e impulsiona outros a aproveitarem o êxito de seus companheiros. Se a greve não é vitoriosa, debatem-se as causas de seu fracasso e a busca de melhores meios de luta.
Nesse momento cabe ao Partido incentivar os operários, em todos os Estados a uma luta firme por suas reivindicações, a lutar por mais direitos, melhores salários e redução da jornada de trabalho. Isso significa estar atento ao surgimento de todas as lutas operárias e fazer-se presente nelas. Nessas lutas, nossa ajuda deve consistir em apoiar suas reivindicações e mostrar-lhes como devem ser encaminhadas; esclarecer quais seus direitos e quais ainda temos que lutar por conquistar. Nossa ajuda deve também orientar sobre qual a melhor maneira de expressar as reivindicações, qual a forma de luta a ser adotada, em eleger o melhor momento para a luta ser deflagrada. Por isso, o sindicato é um instrumento muito importante e, por isso também, é preciso atuar dentro dos sindicatos e conquistar dezenas, centenas e milhares de sindicatos em todo o país.
Apesar dos obstáculos que temos que superar para conquistar influência na classe operária, particularmente a hegemonia dos revisionistas nos sindicatos, é importante frisar que a grave e profunda crise que hoje assola toda a economia capitalista mundial, como não podia deixar de ser, põe em xeque todas as posições que defendem a conciliação com o grande capital e amplia os espaços para nossa atuação. Desse modo, adquire uma importância decisiva a tarefa de introduzir no movimento operário as idéias socialistas.
Em outras palavras, o trabalho operário é a principal forma de trabalho da sociedade capitalista. É aquele que garante todos os produtos que a sociedade consome. É aí, portanto, que devemos concentrar nosso trabalho. Para dar cabo desta tarefa e atender ao imperativo do caráter proletário da nossa revolução, todos os militantes devem empenhar-se, com o máximo de suas forças, para fazer crescer o partido na classe operária.
“(…) Os comunistas alemães de esquerda deduzem do caráter reacionário e contra-revolucionário dos chefes dos sindicatos que é necessário … sair dos sindicatos!!, renunciar ao trabalho neles!!, criar formas de organização operária, novas, inventadas!! Uma estupidez tão imperdoável, que equivale aos melhores serviços que os comunistas podem prestar à burguesia. …
“Para saber ajudar as massas e conquistar sua simpatia, adesão e apoio é preciso não temer as dificuldades, mesquinharias, armadilhas, insultos, perseguições dos chefes. Além disso, devem trabalhar obrigatoriamente onde estejam as massas.”. (Lênin, Esquerdismo, a doença infantil do comunismo, Editora Símbolo)
Portanto, não atuar nos sindicatos, mesmo os que têm chefes oportunistas e reacionários, significa abandonar as massas operárias, em particular as mais atrasadas, à influência desses oportunistas e reacionários; significa beneficiar a burguesia e sua dominação política e ideológica sobre o proletariado.