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quarta-feira, 24 de abril de 2024

Mulheres têm menos acesso aos transplantes de órgãos

O estudo “Desigualdade de transplantes de órgãos no Brasil: análise do perfil dos receptores por sexo, raça ou cor”, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e apresentado no primeiro semestre deste ano, trata do perfil das pessoas que recebem transplantes de órgãos, como coração, fígado, rim, pâncreas e pulmão, e da questão da desigualdade no acesso a esses transplantes no Sistema Nacional de Transplantes (SNT) do Sistema Único de Saúde (SUS).

De acordo com a Constituição Brasileira, o acesso aos transplantes de órgãos deve ser universal, ou seja, igual para todos, independentemente de sua raça, cor, sexo, nível econômico etc., porém o estudo do Ipea mostra que mulheres e pessoas negras, pardas ou amarelas são menos beneficiadas nesses procedimentos. A situação se agrava quando é constatado que a maioria da população brasileira é composta por mulheres e negros e pardos, e ainda que a necessidade de receber os transplantes é bem semelhante entre gênero, raça e cor. Ou seja, nada justifica essa disparidade.

A análise não se aprofunda nas causas dessa desigualdade, mas aponta alguns fatores que contribuem para que ela exista. Entre eles estão as condições de saúde dos pacientes, as características socioeconômicas, o estilo de vida, os níveis de escolaridade e a posse de planos e seguros de saúde privados. Assim, aqueles e aquelas que durante toda a vida já sofrem maiores privações de acesso à saúde de qualidade têm este fator pesando contra si no momento em que necessitam de um transplante.

O fato é que a desigualdade no acesso aos transplantes não pode ser visto como algo normal ou natural. Essa situação é resultado de toda uma estrutura existente na atual sociedade. Não se trata de acaso ou coincidência; a maior parte da nossa classe é composta por mulheres e “não brancos”, que evidentemente durante a vida acumulam debilidades físicas que os fazem menos aptos a receber um transplante, apesar de a lei garantir, ao menos no papel, a universalidade no atendimento.

Esta é mais uma prova de que as leis, por melhores e mais avançadas que sejam – como é o caso da lei que regulamenta o SUS – são insuficientes para garantir justiça e dignidade para o nosso povo.

Vivian Tavernaro, do Movimento de Mulheres Olga Benário

Alguns índices apontados no estudo:

– De cada quatro pessoas que recebem um transplante de coração, três são homens;

 – 65% dos que recebem transplante de fígado são homens e 77% são brancos.

Acesse o estudo completo no link www.ipea.gov.br/sites/000/2/publicacoes/tds/td_1629_WEB.pdf


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1 COMENTÁRIO

  1. Isto é realmente uma medida genocída, pois leva também do consideração a cor da pele, sexo, enfim… A culpa, como sempre é do sistema capitalista, pois só quem tem dinheiro tem saúde!

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