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terça-feira, 19 de novembro de 2024

Palestinos exigem na ONU reconhecimento do seu Estado

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O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmud Abbas, pediu oficialmente no dia 23 de setembro, à Assembleia Geral da ONU, o reconhecimento da Palestina como Estado independente e soberano.

Normalmente, o período de avaliação para uma nova adesão à ONU é de no máximo 35 dias, mas no caso palestino esse limite pode ser estendido e pode levar muito mais tempo, mesmo contando com o apoio de 140 dos 192 países membros das Nações Unidas. Além do mais, a rejeição da proposta palestina é tida como certa, uma vez que os Estados Unidos possuem poder de veto no Conselho e já se declararam contra o direito dos palestinos.

O grande mérito da iniciativa palestina é colocar contra a parede os governos dos Estados Unidos e de Israel e denunciar quem são os verdadeiros inimigos da paz na região.

Uma vez Estado soberano, a Palestina poderá solicitar sua adesão a organismos como a Organização Mundial da Saúde, a Unesco e o Tribunal Internacional de Justiça, possibilitando sanções e punições jurídicas e econômicas aos crimes cometidos por Israel contra os palestinos, tais como tortura, crimes contra a humanidade, violência contra crianças e civis, etc., e que hoje estão impunes.

Atualmente, estima-se que um em cada três refugiados no mundo é palestino, totalizando 4,8 milhões de pessoas, espalhadas principalmente entre Jordânia, Síria, Líbano e nos territórios palestinos na Cisjordânia e faixa de Gaza.

“Quem mora em outros países não tem ideia de como é a vida na Palestina. Não temos liberdade para nada, nem para ir a cidades vizinhas. É muro aqui, guarita ali, e para tudo se necessita de permissão”, desabafa o palestino Shalinan Yasin. “Sou professor e tenho um mercado. À noite, acordo a qualquer ruído, e fico com medo de que sejam os soldados israelenses, tentando abrir a porta e destruir meu negócio. A gente não descansa nem quando dorme”. E completa: “Nós precisamos de um Estado para afirmar nossos direitos até para coisas mínimas como essa. Quando meu filho de 18 anos sai, não consigo dormir. Se ele demora, fico desesperado, imaginando que talvez os soldados o tenham prendido ou, pior, atirado nele. E pensar que árabes e judeus viveram em paz por tantos séculos… Os árabes impediram que os europeus matassem um grande número de judeus. Nós os recebemos em todo o mundo árabe, principalmente quando fugiram da Alemanha nazista. Não consigo entender por que esses colonos nos odeiam”.

Além de vários países terem declarado apoio na votação pelo reconhecimento da Palestina como Estado independente, também é grande o apoio popular à proposta dentro e fora de Israel. É o que aponta pesquisa do Instituto Near East Consulting, segundo a qual a iniciativa conta com o apoio de 84% dos palestinos e de 69% dos israelenses, números que mostram o crescente repúdio à violência de Israel e comprovam a justeza da luta de resistência há décadas sustentada pelo povo palestino e que agora caminha para um momento decisivo.

Heron Barroso

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