Governada pelo Partido Socialista dos Operários da Espanha (PSOE) e com 22% da população desempregada, a Espanha realizou no dia 20 de novembro eleições gerais. Nos últimos anos, o PSOE e Zapatero implementaram medidas de fazer inveja a qualquer neoliberal: cortes nas áreas sociais, aumento da idade mínima para aposentadoria e congelamento dos salários dos servidores públicos. Todas essas medidas aprofundaram a recessão no país e aumentaram a concentração de riqueza.
As pesquisas eleitorais já previam uma dura derrota para o PSOE em resposta a essas medidas antipo-populares realizadas pelo governo. Os dados da eleição, no entanto, mostraram uma derrota ainda mais profunda, sendo este o pior resultado do PSOE desde o fim do franquismo. A abstenção eleiotral também cresceu muito, configurando-se como a segunda opção eleitoral. O Partido Popular (PP), organização de extrema direita que conta com diversos quadros que estiveram na ditadura de Franco, conquistou uma ampla maioria no parlamento, possibilitando assim o crescimento dos ataques contra os direitos dos trabalhadores.
A esquerda espanhola encontra-se enfraquecida e não consegue aparecer para o povo como uma alternativa viável, em virtude da presença do reformismo em grande parte do movimento popular. Como se sabe, a Espanha voltou a ser, desde o fim do franquismo, uma Monarquia Parlamentar, e vários partidos ditos socialistas participam do “consenso” da constituição monárquica que oprime as nacionalidades da Espanha e mantêm os privilégios de uma oligarquia.
Em nota oficial sobre as eleições, o Partido Comunista da Espanha Marxista-Leninista (PCE-ML) afirmou: “Pode-se estranhar essa vitória arrasadora de uma força reacionária repleta de elementos oriundos do franquismo e de políticos corruptos em um momento como o atual, no qual a oligarquia trabalha para aprofundar seu ataque contra as classes populares. Mas o PP não ganhou por seus méritos. Foi a traição realizada por um governo “social-democrata” o que levou muitos cidadãos a buscar a vingança com um maciço voto de castigo na única força que se via como possibilidade de chegar à maioria. O recurso do voto útil, no qual a esquerda institucional é pródiga em utilizar para pressionar os eleitores, terminou por voltar-se contra eles próprios”.
O PCE-ML também apontou como muito importante o nascimento da alternativa Republicanos: “Para iniciar o caminho da unidade consequente da esquerda, nasceu Republicanos, uma federação que nosso partido apoia plenamente e que, apesar de todas as dificuldades, apresentou candidaturas em oito circunscrições e implantou núcleos em numerosas províncias. Virão meses muito duros. A União Europeia do capital e da guerra está dando passos para acabar com qualquer resto de soberania dos estados-membros. Entramos em um período no qual os dias podem valer por anos, de mudanças constantes. A foto política surgida nas eleições de 20 de novembro não vai durar muito”.
Redação São Paulo