No dia em que completaria 100 anos de vida, Carlos Marighella recebeu a anistia “post mortem” e o pedido formal de desculpas do Estado brasileiro pela perseguição política que sofreu ao longo de toda a vida, além da tentativa incessante do governo ditatorial em destruir a imagem desse combatente comunista.
Apresentado no dia 5 de dezembro em Salvador, pela Comissão da Anistia, o pedido de desculpas a Marighella compôs a sessão 53 da Caravana da Anistia, projeto do Ministério da Justiça cujo objetivo é reparar os crimes cometidos pelo último regime militar, entre os anos 1964 e 1985.
Na solenidade exaltou-se o ex-líder da Ação Libertadora Nacional (ALN) como herói do povo brasileiro, retratando-se assim, a forma desqualificadora com que a ditadura militar tratava Marighella. O governo ditatorial chegou a considerá-lo um facínora, um terrorista, um inimigo da pátria. O pedido de desculpas ressaltou, ainda, a responsabilidade dos órgãos de repressão por seu assassinato em uma emboscada no ano de 1969.
A anistia foi recebida pelo filho de Marighella, Carlos Augusto Marighella, e pela viúva, Clara Charf. Os dois se emocionaram muito durante a homenagem feita a Carlos Marighella. O ato mostrou o grande reconhecimento que tem a luta deste grande revolucionário, que defendia não apenas a superação da ditadura, mas também a emancipação da classe trabalhadora.
Ana Rosa Carrara, São Paulo