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domingo, 22 de dezembro de 2024

Empresa processa sindicato e tenta coibir organização dos trabalhadores

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A judicialização das greves e a demonização dos movimentos sociais, levados a cabo nos últimos anos principalmente por governos estaduais e municipais, tem feito escola também entre as empresas privadas. Diante da crise capitalista que assola a Europa e já bate às portas das que ainda não sucumbiram no Brasil, várias delas vem tentando se utilizar desses expedientes para que possam explorar os trabalhadores livremente, sem nenhum impedimento, ou seja, sem o entrave dos sindicatos combativos, que são historicamente a pedra no seu sapato.

Este é o caso da Vilma Alimentos, empresa do ramo de massas alimentícias localizada em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, MG, que move processo contra o sindicato dos seus próprios trabalhadores, o Sindmassas.

Durante décadas os trabalhadores da Vilma se viram sem representação, indefesos, à mercê da direção autoritária e da política de arrocho da empresa, tendo os seus direitos vendidos por um sindicato cartorial cuja única função era assinar e carimbar os acordos salariais que a direção da empresa já trazia prontos de sua contabilidade.

Mas chegando a opressão a níveis insustentáveis e cansados de tanta traição, os trabalhadores resolveram então fundar seu próprio sindicato, o Sindmassas, com o objetivo de defender os seus direitos e lutar por melhores condições de vida e trabalho.

Não sendo atendidas suas justas e moderadas reivindicações, que foram exigidas no idioma português, os trabalhadores tiveram então que falar a única língua que os patrões compreendem perfeitamente, o “grevês”, isso é, máquinas paradas.

Neste dia, confirmando a tese de que todo capitalista é fluente neste idioma, o dono da empresa se dignou a deixar sua sala, agradavelmente refrigerada com ar condicionado, e desceu para a porta da fábrica para tentar dissuadir da paralisação trabalhadores que exercem sua função expostos a fornos de quase 60º C, sem nem ao menos receber adicional de insalubridade por isso.

Entendido o recado dado através de um dia de paralisação, a Vilma Alimentos decidiu então rasgar uma página da Constituição Federal muito incômoda para ela: aquela que garante a liberdade de organização sindical. Demitiu um diretor do Sindmassas, um integrante da CIPA (ambos com estabilidade no emprego) e moveu processo contra o sindicato e seus diretores, tentando coibir a livre organização dos trabalhadores.

O processo, de redação anacrônica e que parece copiado de um manual dos tempos da ditadura, chama seus diretores de “baderneiros” e diz que o sindicato é clandestino – mesmo sempre tendo feito todas as suas atividades debaixo de suas barbas, ou melhor, debaixo de suas câmeras de segurança espalhadas por toda a extensão da porta da empresa.

Mas já tendo articulado uma resposta a nível jurídico, o Sindmassas respondeu também à maneira dos sindicatos combativos, indo mais uma vez à porta da empresa, panfletando e denunciando a situação a todos os trabalhadores. Neste ato, ocorrido no último dia 09 de fevereiro, estiveram presentes dando seu apoio e prestando solidariedade diversas outras entidades e sindicatos, como CUT-MG, Sindieletro, Sindmetro, Sindados, Sindmetal (Mários Campos e região), AMES-BH (Associação Metropolitana dos Estudantes Secundaristas), grêmio do CEFET-MG e o Movimento Luta de Classes, entre outros.

Confira no vídeo abaixo um trecho deste ato.

Glauber Ataide (Movimento Luta de Classes)

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