Um ex-soldado das forças especiais da Guatemala foi condenado a 6.060 anos de prisão por participar de um massacre de 201 pessoas em 1982.
Pedro Pimentel Rios foi o quinto membro da força de elite a ser condenado a 6.060 anos de prisão pelo episódio que ficou conhecido como Massacre de Dos Erres, nome dado aos assassinatos ocorridos no norte da Guatemala durante a guerra civil de 1960-1996.
A sentença do juiz é em grande parte simbólica, já que na legislação guatemalteca o tempo máximo de prisão é de 50 anos. O ex-soldado recebeu 30 anos por cada uma das 201 mortes, e mais 30 anos por crimes contra a humanidade.
Pimentel Rios, ex-instrutor no centro de treinamento das forças militares, estava vivendo em Santa Ana, Califórnia, e trabalhando em uma fábrica têxtil até ser detido pelas autoridades em maio de 2010. Ele foi extraditado para a Guatemala no ano passado.
De acordo com uma comissão da verdade instaurada no país, a guerra civil matou pelo menos duzentas mil pessoas, sendo que o exército nacional, apoiado pelos EUA, foi o responsável pelo maior número.
Em dezembro de 1982, dezenas de soldados invadiram Dos Erres, vasculharam casas em busca de armas perdidas e sistematicamente mataram homens, mulheres e crianças. Os soldados espancaram homens usando marretas, os lançaram em poços e estupraram mulheres e meninas antes de matá-las, conforme revelaram arquivos anexados ao caso.
Em janeiro deste ano se iniciou um julgamento também contra o ex-ditador Efrain Rios Montt, que governou o país por 17 meses durante o período mais sangrento da guerra civil (1982-1983).
Montt, que teve anistia negada por um juiz no mês passado, é acusado de genocídio e crimes contra a humanidade. Ele teria ordenado o assassinato de 1.700 inocentes do povo Mayan.
Mário Lopes, com informações de The Guardian