No final de 2011, ao se aproximar o aniversário de 20 anos da dissolução da União Soviética, os meios de comunicação burgueses se assanharam em celebrar a data. Afinal, não é todo dia que o capitalismo é restaurado no que havia sido uma grande república dos trabalhadores.
E para tão especial ocasião a BBC convidou ninguém menos que Mikhail Gorbachev, o revisionista, o traidor, que conspirou contra os trabalhadores de sua própria pátria e condenou milhões à fome, ao desemprego, à baixa expectativa de vida e a outras tantas características do capitalismo que podemos observar hoje na Rússia.
Com o título Gorbachev, the great dissident (Gorbachev, o grande dissidente), o documentário se propõe a tentar explicar como o “fenômeno” Gorbachev foi possível. Isso é, como um filho do socialismo foi capaz de acabar com ele. E mostra também como foram os momentos finais da URSS.
Contando sua trajetória intelectual e pessoal dentro e fora do partido, Gorbachev afirma que não foi sempre um dissidente. Nascido em 1931 e filho de camponeses, relembra inclusive que seu trabalho de conclusão de curso na universidade foi sobre Stálin, com o título: “Stálin é nossa glória na batalha, Stálin é as asas da nossa juventude.” E afirma que era mesmo sincero, pois não foi obrigado por ninguém a entrar no partido.
No entanto, após o infame “relatório secreto” de Kruschev (que foi recentemente provado como falso do início ao fim pelo historiador Grover Furr) e a “liberação da atmosfera intelectual” (expressão burguesa que ele adota), passou a ter dúvidas sobre inúmeras questões.
O que o próprio Gorbachev deixa claro é que a partir de então ele sempre teria uma vida dupla: criticava o partido em privado, mas tinha uma vida pública exemplar.
Foi nessa época também que ele conheceu Zdenek Mlynar, o qual foi seu melhor e mais íntimo amigo. Mlynar seria, alguns anos depois, um dos arquitetos da Primavera de Praga de 1967, que foi esmagada pelos tanques soviéticos com o consentimento público (mas não privado) de Gorbachev.
Essa experiência foi decisiva na vida do revisionista. Após a derrota da Primavera de Praga ele compreendeu que qualquer mudança na União Soviética deveria ser lenta e gradual. Essa foi uma das bases da Perestroika.
Sua vida dupla foi eficaz o suficiente para levá-lo aos mais altos coletivos de direção do partido, incluindo o Politburo e o cargo de Secretário Geral do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética. Mas mesmo assim ele sabia, conforme declara sua ex-esposa Raisa Gorbacheva, que qualquer mudança deveria ser feita de cima para baixo (isso é, sem o povo), e que eles não podiam mais continuar vivendo da forma que estavam (se referindo à sua vida dupla).
No início da década de 1990 a insatisfação popular só aumentava, ao mesmo tempo em que sua popularidade não parava de cair. Uma convulsão social se anunciava, e uma suposta oposição surgiu: Boris Yeltsin, o qual faria acordos até com americanos e ingleses.
Vários acontecimentos se sucedem. Com o país à beira de uma guerra civil, a KGB toma o parlamento da Lituânia, e no 1º de maio de 1991 uma manifestação popular gigantesca pressiona Gorbachev, que já é visto como incapaz de governar.
Para tentar contornar a situação Gorbachev traiçoeiramente faz um acordo às escondidas com a falsa oposição (Yeltsin), no qual foram nomeados os “linhas duras” do governo (referência aos comunistas) que deveriam ser destituídos de seus cargos. No entanto, sua conversa foi gravada pela KGB, alertando os comunistas sobre o acordo ilegal que tinha por objetivo destruir a URSS, o que deu início a uma tentativa de abortar o infame golpe.
Tanques tomam Moscou, e é anunciado pelos meios de comunicação que Gorbachev está doente e um comitê provisório assumiu o comando da URSS. Yeltsin, grande amigo dos ingleses, se refugia no parlamento russo para não ser preso e liga para John Major, primeiro ministro da Inglaterra na época, e suplica: “Os comunistas estão vindo para me pegar. Só me restam 20 minutos. Você pode dizer a todos o que está acontecendo?”
Ao mesmo tempo Gorbachev foi colocado em prisão domiciliar, obtendo notícias somente através da BBC, usando um velho aparelho de rádio japonês. Com grande dose de servilismo, imbecilidade ou ambos, ele textualmente afirma no documentário: “Eu sempre acreditei na BBC.”
Yeltsin consegue chegar às ruas, declara o comitê provisório ilegal e conclama o “povo” a se deslocar para o parlamento e a defender a “democracia” russa.
Ele marca então uma reunião na Bielorrúsia, mas sem a presença de Gorbachev. Dela participariam os presidentes da Ucrânia e da Bielorússia, na qual a proposta de dissolução da URSS foi aprovada pelos outros traidores. Ficou acertado que o presidente da Bielorússia, Stanislav Shushkevich, daria a notícia a Gorbachev, enquanto que Yeltsin daria as “boas novas” ao exterior. Foi Yeltsin quem ligou para dar a notícia ao presidente Bush.
Politicamente isolado e culpado pela população russa pela dissolução da URSS, Gorbachev vive hoje em Moscou, onde dirige um instituto político e tenta aprender um pouco sobre a internet com sua neta. Guarda ressentimentos de Yeltsin, afirmando que este não cumpriu o infame acordo que combinaram, e que é um traidor. Acredita que não há democracia na Rússia, e que sua maior preocupação não é a própria reputação, mas o futuro do país.
Glauber Ataide
ele é um verdadeiro traidor. E tambem não concordo com ele ganhar o premio nobel da paz, ele é o principal causador de hj a russia ter 20% de sua população vivendo em extrema pobreza, parece pouco mas é aproximadamente 28,5 milhões de pessoas vivendo em condiçoes de vida precaria.