Um acidente mudou a vida do gari Hamilton, 26 anos, em Caucaia, e deixou chocados os colegas diante da atitude da prefeitura da cidade. Ele trabalhava na coleta de lixo no bairro da cidade quando sofreu uma fatura no braço pelo arremesso de entulho no caminhão. Além da fratura, o acidente provocou um corte profundo afetando os três tendões de imediato e ocasionando hemorragia.
Na ocasião, o motorista ligou para emergência do município. Depois de esperar durante 40 minutos pela ambulância, agonizando de dor, o trabalhador foi levado a um posto de saúde e de lá encaminharam-no para o hospital municipal da região. Nesse hospital, apenas foi estancado o sangue, tendo sido transferido hospital de Fortaleza. Na capital cearense, ficou na fila de espera, onde outro paciente faleceu em sua frente esperando para ser atendido. Sem direito a maca, horas depois é que foi atendido e passou por uma dolorosa cirurgia.
Hamilton denuncia que os garis da cidade de Caucaia são vítimas constantes de acidentes, estão submetidos a graves riscos. Ele relatou o caso de um companheiro que teve a perna esmagada pelo próprio caminhão em 27de Janeiro; deu entrada no hospital e morreu minutos depois vitimado por uma parada cardíaca.
Os trabalhadores na limpeza urbana de Caucaia são submetidos a jornadas exaustivas, não contam sequer com equipamentos de proteção, sendo extremamente vulneráveis a infecções, viroses e outras doenças transmissíveis.
Os garis são ainda suscetíveis a problemas psicológicos relacionados à auto-estima já que sua atividade não é valorizada pela maioria das pessoas, vivem numa situação de permanente insegurança, falta de perspectiva, um ritmo diário de trabalho desgastante, sobre condições de trabalho precárias.
Carlos Daniel Ferreira, MLC-CE