Em entrevista ao jornal espanhol El País, Viktor Onokpo, segundo treinador do famoso time de futebol CSKA, de Moscou, falou sobre a atual situação do futebol russo e afirmou que o comunismo era melhor para a educação e o esporte.
Quando perguntado sobre a nova fisionomia dos clubes russos, Viktor, que tem 13 jogadores estrangeiros em seu elenco, não hesitou: “O sistema comunista era melhor para a educação e o esporte. Os colégios, as escolas esportivas e as infraestruturas estavam muito bem. Depois, quando caiu a URSS, só se pensava em dinheiro.”
Falando com nostalgia sobre uma estrutura esportiva e uma metodologia que desapareceram com a queda da URSS, Onopko a compara com a atual situação: “Antes havia só um país e agora são 15. Caiu tudo: as escolas, os treinadores… Os técnicos na URSS eram bons profissionais. Agora não há mais bons técnicos e nem boas instalações para as crianças. Só os grandes clubes e as grandes cidades tem isso, mas não é suficiente.”
Seguindo sua comparação do futebol na URSS com o da atual Rússia capitalista, Viktor não tem dúvidas: “Agora há menos bons jogadores russos porque as escolas não funcionam bem. A seleção russa não tem competência. Há uma base de 25 jogadores que vem variando nos últimos oito ou dez anos.”
Viktor Onokpo iniciou sua carreira no Shaktar Donetsk, da Ucrânia, em 1988. Passou pelo Spartak de Moscou (time de origem operária criado na década de 1920 na URSS) de 1992 a 1995, indo depois para a Espanha, jogando no Real Oviedo de 1995 a 2002 e no Rayo Vallecano, de 2002 a 2003. Depois voltou para a Rússia, jogando no Alania Vladikavkaz em 2003 e encerrou sua carreira no Saturn Moscow Oblast, em 2005. Como treinador está desde 2009 no CSKA, de Moscou.
Em uma afirmação reveladora de como era diferente a expectativa de um jogador em início de carreira na União Soviética, na qual o futebol não era apenas mais uma mercadoria como vem se transformando cada vez mais no capitalismo, Viktor diz: “Quando comecei eu nem pensava que com o futebol se pudesse ganhar dinheiro ou que acabaria jogando em outro país.”