Cerca de 100 estudantes ocuparam o Conselho Universitário da UFMG no último dia 14 e impediram a primeira reunião do ano do conselho, reunião que tinha como pauta a aprovação da privatização do Hospital das Clínicas (Hospital Universitário) e o aumento do restaurante universitário em 50%.
A reitoria da UFMG, sem nenhuma discussão com a comunidade e sob pressão do governo federal, propôs a assinatura de um acordo com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), com o argumento de que ou a UFMG privatiza seu Hospital Universitário, aceitando uma empresa de direito privado para gerí-lo, ou não receberá mais recursos da União para resolver os problemas do hospital. A EBSERH é uma empresa pública de direito privado para realizar a administração e gestão dos HU’s, prestação de serviços médico-hospitalares e de ensino, pesquisa e extensão para as Universidades, contratação de funcionários e aplicação de metas se desempenho desconectada da qualidade na atenção à saúde. A EBSERH significa, na prática, a privatização do maior sistema hospitalar público brasileiro. É uma séria ameaça ao SUS e à autonomia universitária.
Outra questão importante colocada em jogo nessa reunião foi a assistência estudantil!! A reitoria vem tentando desde o ano passado aumentar o preço das refeições do bandejão de R$ 2,50 para R$3,75 e da moradia de R$200,00 para R$265,00, num flagrante ataque aos direitos dos estudantes. No ano passado a administração da UFMG propôs esse aumento e foi com muita luta organizada pela então gestão do DCE VOZ ATIVA que isso não ocorreu. A proposta, porém, voltou para a pauta do Conselho Universitário já na primeira reunião do ano, no mesmo dia da pauta da EBSERH.
Mesmo com a exigência do movimento estudantil e dos técnicos administrativos da universidade em se adiar essa reunião e ampliar o debate na comunidade, a reitoria atropelou todos os pedidos e seguiu com a convocação da reunião. Como os servidores e estudantes juntos representam apenas 30% dos votos no Conselho Universitário, e a intransigência da reitoria da UFMG em não dialogar com a comunidade acadêmica a única saída para os estudantes foi a ocupação do conselho.
Várias lideranças e integrantes de DA’s e CA’s e movimentos organizados na universidade participaram ativamente dessa luta, mobilizando os estudantes para o ato no dia do conselho, organizando a assembleia para decidir os encaminhamentos do movimento até a ocupação. Cerca de 100 estudantes ocuparam o espaço do conselho como única forma de levar nosso posicionamento contra a privatização do HU através do EBSERH e para barrar o aumento dos preços dos serviços de Assistência Estudantil. A ocupação foi vitoriosa conseguindo adiar a pauta da Assistência, e quanto ao EBSERH foi decidido que o Conselho-diretor do HC irá elaborar restrições para o contrato com a EBSERH para uma posterior aprovação do contrato pelo Conselho Universitário, ou seja foi aprovada o Interesse da UFMG em Negociar com a EBSERH.
O movimento estudantil combativo e comprometido com um serviço público de qualidade vai manter preparado e vigilante às políticas de privatização dos serviços da universidade pública e também aos constantes ataques contra os direitos dos estudantes que o governo e a reitoria querem fazer a todo custo. Por isso, a luta continua por uma universidade mais democrática e popular, por mais assistência estudantil e por espaços de debate com toda a comunidade acadêmica para construirmos uma proposta coletiva de solução para nosso Hospital das Clínicas e para garantir uma verdadeira política de assistência estudantil na UFMG.
Isabela Rodrigues Ligeiro
Diretora do Centro Acadêmico de Ciência Sociais da UFMG