No último dia 3 de março, dez lutadores sociais equatorianos, todos eles estudantes ou trabalhadores comuns, foram presos pela polícia, acusados de “terrorismo”, “subversão” e “atentado contra a segurança do Estado”.
Alberto Merchán, Royce Gómez, Javier Estupiñán, Enrique Zambrano, Abigaíl Heras, Santiago Gallegos, Hugo Vinueza, Andrés Castro, Elizabeth Tapia e Cristina Campaña estão detidos no Centro de Detenção Provisória e na Prisão Feminina, em Quito.
Os advogados de defesa negam as acusações e desafiam o presidente Rafael Correa a provar os supostos crimes cometidos pelos dez presos políticos. “Que ele mostre as armas encontradas com estes jovens, os explosivos ou os elementos para fabricar este tipo de bombas, se é que existem”, desafiou o advogado Gonzalo Realpe, que também afirmou que tudo não passa de uma farsa planejada pela polícia a mando do governo. “É uma farsa. Esses rapazes e moças afirmam que a polícia plantou panfletos e documentos como provas para incriminá-los, mas eles nunca viram esse material antes”, disse.
Em comunicado à imprensa, os familiares dos presos políticos afirmam estar “profundamente preocupados, não só por nossos familiares injustamente detidos, como também por todos os equatorianos que, ao que parece, estão submetidos a um Estado de medo, impedidos de pensar, opinar, reunir-se livremente e preocupar-se com os problemas do país”. E continuam: “Expressamos nossa decisão de não calar ante esta arbitrariedade, que busca encontrar bodes expiatórios para os interesses políticos do governo, que, longe de abrir os canais de diálogo correspondentes à insatisfação dos equatorianos, violenta os direitos humanos de profissionais e jovens estudiosos que demonstram diariamente sua alta condição humana e seu elevado compromisso com a pátria”.
No comunicado, as famílias dos militantes detidos também perguntam ao presidente Correa os motivos para a ação da polícia: “Perguntamos ao senhor presidente da Républica se significa um delito de desastabilização do Estado uma reunião cujo objetivo é encontrar explicações para a atual situação do Equador? Ou se é crime analisar documentos que qualquer pessoa pode encontrar nas ruas ou na internet, e que fazem parte do direito à livre expressão que supomos ter em nosso país?”.
Nos últimos anos, os trabalhadores e a juventude equatoriana vêm sofrendo com a crescente repressão e perseguição aos protestos sociais por parte do governo de Rafael Correa, que traiu o programa popular e progressista com que foi eleito e passou a defender os interesses da oligarquia equatoriana e do imperialismo, apesar de manter um discurso de esquerda e “revolucionário”, tudo isso para enganar e confundir a população.
De fato, no Equador aumenta enormemente a carestia de vida, o desemprego, o sucateamento da saúde, o analfabetismo, a pobreza e a perseguição ao movimento social e popular, como prova a prisão do estudante Marcelo Rivera, ex-presidente da Federação dos Estudantes Universitários do Equador, há 24 meses detido sob acusação de “terrorismo”. O governo, para calar a voz do povo, impede a liberdade de expressão, de organização, de reunião e mobilização; sataniza, persegue e prende todos os que pensam diferentemente dele. Atualmente, existem mais de 450 processos contra dirigentes sociais e mais de uma dezena de presos políticos.
Da Redação