O Estado da Bahia sofre a maior seca dos últimos 30 anos. A seca já atinge todo semiárido baiano e fez o governo estadual decretar situação de emergência em 196 municípios. Em dezembro do ano passado, eram 29 cidades nessa situação.
Na região de Irecê, a que mais produz feijão no Nordeste, as perdas na lavoura passam de 80%. Há escassez de água até no subsolo. Poços artesianos secaram. Os que ainda funcionam já dão sinais de que também estão se esgotando.
Nos pastos, pouca comida, o capim já secou. O gado está morrendo de fome. O jeito é carregar a palha do milho que o sol não deixou colher. Para maioria das comunidades do sertão, o caminhão pipa é a única fonte. E quem recebe a água que ele traz tem a obrigação de dividir. O trabalhador rural João Souza disse que 40 famílias se abastecem em sua casa, ao todo são 120, 130 pessoas.
Os reservatórios do Estado estão praticamente secos. O de Mirorós, na margem do rio Verde, está com apenas 9% de sua capacidade. A barragem deveria garantir água para 350 mil habitantes do norte da Bahia. A seca compromete a agricultura do semiárido. Duas adutoras estão em construção para tentar levar mais água do São Francisco para as barragens. Mas as obras, fundamentais para 750 mil pessoas, só devem ficar prontas no fim do ano. Enquanto a água não chega, Exército, municípios e Estado abastecem os flagelados com carros-pipas.
O ministro da Integração Nacional Fernando Bezerra foi a Salvador e assinou um convênio de R$ 168 milhões para que sejam construídos 1.240 sistemas de abastecimento de água até 2013. Cerca de cem serão feitos em regime emergencial. O governo federal liberou R$ 10 milhões para contratação de carros-pipas e cestas básicas.
Com a falta de chuvas e o período de seca agravaram o aparecimento de focos de calor no estado e os incêndios florestais. A seca que atinge o interior da Bahia tem provocado focos de incêndio na vegetação. Em Campos de São João, no município de Palmeiras, na região da Chapada Diamantina, o fogo que atingia a vegetação desde a do dia 5 de abril, mas só foi controlado quatro dias depois.
Diante desses fatos, quem mais sofre é a população pobre que está sendo castigada pela seca, no total 2,3 milhões de pessoas, pois, os prejuízos maiores ocorrem nas pequenas lavouras de subsistência e de agricultura familiar.
Redação Bahia