No dia 7 de junho, a jovem operária Débora Heloar, de 20 anos, faleceu dentro da empresa Delphi Packard Electric Systems, empresa americana que fabrica chicotes elétricos (fiação elétrica) para a Fiat Automóveis na cidade mineira de Itabirito, próximo à região dos Inconfidentes. A morte da jovem revoltou os operários da fábrica e intensificou a campanha de denúncias contra a multinacional.
Uma das denúncias que os trabalhadores fazem é sobre o fato de que, quando os empregados afastados temporariamente retornam ao trabalho, voltam a exercer as mesmas atividades que geraram as doenças profissionais e suas sequelas. Andreia, um exemplo dessa situação, já ficou afastada duas vezes, o que totaliza quatro anos longe da empresa pelo mesmo problema. “Trabalhava no setor de tableiro, que era uma bancada fixa onde são montados os chicotes. Quanto voltei, o setor foi renomeado para conveyor e a mesa agora é giratória, e nela o ritmo de trabalho é acelerado, o tempo da máquina é controlado e um chicote fica pronto em um minuto e quarenta e cinco segundos”, conta, e completa: “Sem falar na tensão e no cansaço que retiram todo o nosso interesse em manter uma vida saudável”.
Os números registrados ilustram a situação na empresa, onde mulheres e adolescentes são tratados como verdadeiros escravos. Atualmente, 130 empregados estão afastados e outros 60, na faixa de 20 a 26 anos, foram aposentados por invalidez. Entre as doenças profissionais mais comuns estão a Dort (Distúrbios Ósseos Musculares Relacionados ao Trabalho), antes conhecida por LER (Lesões por Esforços Repetitivos) e a surdez ocupacional. No geral, de 1994 a 1999 foram registrados 2.066 casos de afastamento por doença profissional em todo o setor metalúrgico.
Laudo confirma más condições
Um laudo de 1997, feito por uma equipe de especialistas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) a pedido do Ministério Público do Trabalho, confirma as más condições de trabalho na empresa. Segundo o documento, “particularmente os setores de montagem de chicotes (tableiros móveis) e cockpit, as condições são inadequadas e antiergonômicas, estando em vários aspectos em desacordo com a legislação em vigor”. Em outros dois setores de produção, ainda segundo o documento, “apesar de à primeira vista a carga de trabalho não se ter mostrado muito intensa, alguns problemas e queixas foram também observados e deverão ser propostas melhorias”. O laudo conclui que, diante das condições inadequadas de trabalho, é fácil entender por que o número de casos de doenças profissionais existentes é significativo na empresa.
Os trabalhadores, porém, denunciam essa situação. Uma funcionária da fábrica enviou a A Verdade uma carta contando como aconteceu a morte da operária de apenas 20. Segue, na íntegra, o relato.
No dia 05/06/2012, segunda-feira, Débora chegou à empresa passando mal e se queixando de dor de ouvido e dores no corpo; passou quase o dia todo no ambulatório e, mesmo sentindo dores, não a encaminharam para o hospital.
No dia 06/06/2012, terça-feira, a jovem foi ao hospital por conta própria. Chegando ao hospital, Débora falou o que sentia à médica, que mal a examinou – apenas perguntou onde ela trabalhava e, quando ela disse “Delphi”, a médica deu um dia de atestado para ela; achou que era invenção, pois a empresa não é bem-vista.
No dia 07/06/2012, quarta-feira, Débora retornou à empresa. Chegou passando mal, sentindo muita falta de ar. Pediu água, pegamos a água; na hora em que ela foi beber, pediu pra poder ajudar porque já não estava enxergando; após beber a água, veio a desmaiar. Um brigadista que estava por perto a levou para sala de segurança, onde tinha dois bombeiros conversando, e ela sentada numa cadeira. Perguntamos como ela se sentia; ela disse que estava sentindo muita falta de ar e não estava nem conseguindo conversar; Mal conseguia levantar a cabeça, estava muito pálida e fraca. Débora chegou por volta das 5h30 e só foi levada para o hospital às 7h30, e, antes de a levarem para o hospital, já tinham ocorrido dois desmaios que, na conclusão de todos, eram dois ataques cardíacos. Chegando ao hospital, Débora veio a ter o terceiro ataque cardíaco, que foi fulminante.
Eu nunca vi uma empresa que não tem uma ambulância, não tem um médico ou enfermeira. Eles acham que temos que passar mal na hora em que eles querem, não tem nem remédio direito. O ambulatório abre entre 7h e 8h – fora o descaso que os chefes fazem e fizeram, mesmo depois que a jovem veio a falecer. A empresa não fez caso dos amigos que choravam, não pararam o setor onde ela trabalhava. Um dos amigos pediu à empresa que liberasse todos do setor para ir ao enterro, mas não permitiram e um dos chefes falou: “Como ia ficar a produção da empresa e como eles iam explicar pra Fiat que a empresa perdeu produção por causa de uma funcionária que tinha falecido?”. Mesmo depois que os funcionários disseram que trabalhariam mais tempo e nos finais de semana para não perder produção, eles disseram que não liberariam.
Isso é um absurdo, vários funcionários da empresa estão revoltados e alguns não querem nem trabalhar mais, pelo descaso com que trataram a morte da jovem.
A Delphi já vem sendo denunciada com várias queixas de funcionários que passam mal, e se o médico achar que estão aptos a trabalhar, eles são obrigados a trabalhar mesmo não tendo condições. Vários funcionários saem de licença por doença, por dores musculares, por problemas que dão dentro da empresa e mesmo depois de ficarem bastante tempo afastados; quando voltam, eles exercem o mesmo trabalho. Fora o estresse que têm alguns funcionários, que chegam a fazer tratamento. O estresse é tanto que uns chegam a entrar até em depressão e têm que fazer acompanhamento com psicólogo. E quando isso vai acabar? Quando mais pessoas morrerem…”
Jeferson Duarte – Movimento Luta de Classes – MG
essa empresa tem de falir , trabalhei la por 2 meses , nao levava a serio , eu me machucar pela delphi ? kkkkkkkk ´por mim que quebre
Só a luta muda e garante as vidas. Temos que nos mover contra esta exploração
Quando a gente chega em qualquer clinica da região a primeira coisa que eles perguntam é o local de trabalho, quando falamos que é DELPHI eles ja até sabem que não é pra dar atestado!
Outro dia fui no hospital de Ouro Preto e o medico disse que estava sendo bonzinho em me dar 2 dias de repouso, pq segundo ele, a DELPHI proibiu a liberação de atestados…
Vê se pode um absurdo desse…
trabalho lá…… akele lugar e uma safadeza do karai!
essa delphi é uma escravidao, e ninguem resolve nada o presidente do sindicato é funcionario da delphi, e pucha saco ainda por cima,aquilo tem q fecha
sei como lá é. Além de você ficar 9 horas trabalhando (ou até mais que isso),muitos a maioria trabalham em pé se esforçando fisicamente, Os chefões fazem pouco caso dos funcionários tratam com certa arrogância Não sabe reconhecer o trabalho de quem está lá há algum tempo, não está nem ai se a pessoa está bem, só pensão no lado deles, As vezes o funcionário não pode fazer tal serviço pois o mesmo, o prejudicou (com dores, problemas, lesões) mais ele não querem nem saber, Ambulatório? nem remédio direito tem além se ser mal tratado, e se passar mal dependendo de quem se trata nem deixam ir pro hospital, (mais quando vão pro hospital são jogados lá mesmo) médico as vezes aparece por lá, (o certo é ter médico todos os dias, na jornada inteira de trabalho) Sindicato? nem sei direito o q faz lá? essa é a realidade de lá, As vezes acho que não é nem o serviço. e sim A falta de caráter, e as pessoas desumanas que tem lá! DESABAFO! apenas
Quantas Deboras precisam morrer, para que os trabalhadores se organizem numa revolta contra os patrões?
Essa empresa não presta, não respeita os funcionarios pois pensam que nos somos escravos, chega!!!!! ISSO TEM ACABAR, vamos lutar pelos nossos direitos, nao vamos deixar que a morte da Débora seja esquecida.
esse lugar e uma pouca vergonha eu trabalho la e era amiga dessa garota que alem da humilhaçao de morrer dentro dessa empresa ainda o descaso q tiveram com essa garota nem no enterro tiveram a consideração ou por solidariedade de mandar uma coroa de flor isso e um absurdo o medico da empresa nao quis dar o atestado de orbito por que falam que ela morreu no hospital e isso e pura mentira ela morreu dentro da empresa pq infemeiros conhecido me falaram que ela ja avia chegado em orbito la no hospital nunca vi um empresa que nao tem nem oxigênio num tem remedio direito temos que lutar pelos nossos direitos somos humanos, pessoas não monstros e bichos presisamos acabar com isso um desabafo de uma amiga !!!
Essa empresa e um pouca vergonha eu trabalho la e era amiga dessa garota que alem da humilhação de morrer dentro dessa empresa o descaso que fiserao com essa garota no enterro não tiveram a consideração e nem a solidariedade de mandar uma coroa de flor e fora que o medico da empresa não quis nem dar o atestado de orbito por que falam que ela morreu no hospital e isso e pura mentira por infermeiros conhecidos meus falaram que ela ja chegou em orbito no hospital nunca vi numa empresa que tem oxigenio so por enfeite e nunca tem remedio vamos lutar pelos nossos direitos temos que acabar com isso ja ta de mais essa empresa pra mim ja passou do limite do seus abusos e absurdos isso e um desabafo de uma amiga !!!
DELPHI…. Deus me livra daquele lugar….
Esse caso é só mais um exemplo prático do que o sistema capitalista faz com o ser humano. Em busca de lucros e mais lucros, transforma-o em um mero objeto na engrenagem produtiva, não se importando com seus sentimentos, dores, necessidades…
mundial.
Meu total repúdio ao descaso com a doença e morte da trabalhadora da Delfi.
Minha total solidariedade às lutas por um sociedade melhor.
TRABALHEI NA EMPRESA 1 ANO, PIOR ANO DA MINHA VIDA! CARGA DE TRABALHO ALTÍSSIMA, A COMIDA HORRÍVEL, PASSEI MAL VARIAS VEZES POIS A VENTILAÇÃO É TERRÍVEL! DOU GRAÇAS A DEUS POR TER TIDO A OPORTUNIDADE DE TER SAÍDO DE LÁ… ATÉ HOJE QUANDO PASSO EM FRENTE ME ARREPIO!!!!
QUE DEUS DÊ O DESCANSO PARA ESSA MOÇA… QUE PENA TÃO JOVEM…