A Bahia vive um momento de grande efervescência política. Somente este ano ocorrerram no Estado a greve dos policiais, a dos rodoviários e, agora, os trabalhadores da educação estão há quase três meses. A categoria reivindicou ao governador Jaques Wagner (PT) um aumento igualitário de 22%, previsto em acordo assinado no ano passado, mas o governo apresentou uma contraproposta de apenas 6,5% para os professores do Nível I, alegando não haver recursos para cobrir o novo piso salarial.
Para reprimir a greve, o governo cortou os salários dos docentes e os ameaçou de demissão. Com o corte dos salários, os professores estão vivendo da ajuda de familiares e companheiros da própria categoria. O juiz da 5ª Vara da Fazenda Pública de Salvador, Ricardo d’Ávila, concedeu uma liminar declarando a ilegalidade da greve e determinou multa diária de R$ 50 mil se a categoria não retornasse à atividade. Além disso, o governo está gastando milhões com a mídia para dizer que não tem dinheiro, que já cumpre a Lei do Piso e nunca fez acordo com o sindicato. Tudo mentira.
A greve não é por aumento de salários e sim pelo reajuste linear de 22% para todos os docentes, retroativo a janeiro, como reza a Lei n º 11.738/2008.
A combatividade da categoria demonstra que não podemos mais compactuar com o descaso com a educação pública. Essa luta não é apenas uma questão salarial, mas a defesa intransigente da educação pública da Bahia. É inaceitável que um governo que se diz oriundo da classe trabalhadora se negue a pagar aos seus profissionais de educação um simples piso salarial previsto em lei.
Claudiane Lopes
Diretora da União Nacional dos Estudantes