Greve geral na Grécia enfrenta a troika e a violência

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Greve geral na Grécia

Depois das cargas e dos assaltos a tiro com balas de borracha na Espanha voltaram os gases lacrimogêneos na Grécia para reprimir as manifestações em curso no âmbito da terceira greve geral do ano contra as novas medidas de austeridade em preparação, convocada pelos principais sindicatos e apoiada pelo Syriza, o partido da Esquerda que esteve à beira de vencer as últimas eleições gerais.

Os principais serviços do país ficaram completamente paralisados na sequência da greve, principalmente transportes, escolas, instituições públicas, hospitais e aroportos, onde os controladores obrigaram as principais companhias a cancelar e reprogramar os seus vôos.

A greve de 24 horas foi convocada pelas duas principais centrais sindicais, a GSEE e a Adedy, para combater as novas medidas de austeridade que a troika e o governo dirigido pelo direitista Samaras aliado aos socialistas – os partidos do memorando – estão a preparar no âmbito do alegado combate à dívida soberana, que continua a crescer fora de controle. As medidas em discussão prevêem novas supressões de direitos sociais e trabalhistas, maiores facilidades ainda para despedir – num país onde o desemprego é galopante – e, provavelmente, a liberalização absoluta de horários de trabalho e a imposição da semana laboral de seis dias. O objetivo imposto pelas instituições prestamistas aglutinadas na troika é alcançar novos cortes de 11.500 milhões de euros.

Os sindicatos consideram a greve geral um êxito, acrescentando que além da paralisação do país cerca de 350 mil pessoas saíram às ruas para se manifestar contra a situação imposta do exterior. Enquanto os trabalhadores gregos estão em greve, a chanceler alemã reuniu-se com a presidente do FMI e o presidente do Banco Central Europeu para debater o caso grego sobre um pano de fundo de desentendimentos quanto à atitude do Banco Central Europeu. As novas medidas de Mário Dragui, anunciadas com tanto entusiasmo há dias, já se revelaram insuficientes e insatisfatórias ainda antes de aplicadas.

A confusão reina ainda entre as instituições e dirigentes europeus em torno das condições e dos modos de atuação do Fundo de Estabilização Financeira (FEEF) e do seu sucessor, o Mecanismo de Estabilização Financeira, por exemplo na recapitalização da banca.

Em Atenas, grupos de jovens atuando de forma organizada e à margem das manifestações sindicais realizaram ações de contestação lançando coqueteis molotov sobretudo contra as forças policiais, que recorrem a cargas e lançamento de gases lacrimogêneos não apenas contra esses setores mas também contra as grandes manifestações.

Fontes sindicais revelam, contudo, que pela primeira vez setores das forças armadas e da polícia cívica se juntaram aos manifestantes por também serem muito penalizados pelas medidas de austeridade e a depressão econômica em que o país está mergulhado.

Fonte: BE Internacional