O dia 27 de Janeiro de 1945 entrou para a história da humanidade como um dia especial. Um dia em que o campo de concentração nazista, Auschwitz-Birkenau, foi fechado pelos Aliados – que libertaram os milhares de prisioneiros que ali se encontravam, sobreviventes que os nazistas em debandada não quiseram levar com eles para outros campos por estarem muito fracos ou doentes. Os libertadores de Auschwitz eram ninguém mais, ninguém menos, do que os Soldados do Exército Vermelho.
Auschwitz foi o maior campo de concentração nazista da Segunda Guerra Mundial. Era, na verdade, um complexo de vários campos. Foi criado em 1940, 1 ano após os nazistas terem invadido e ocupado a Polônia, que é aonde o campo ficava. A maioria dos prisioneiros eram judeus, mas também existiam políticos poloneses, membros da resistência antinazista, ciganos, homossexuais, elementos antissociais e – é claro – comunistas. Soviéticos que tinham sido aprisionados pelos nazistas como prisioneiros de guerra e levados ao campo formaram o quarto maior segmento de vítimas do campo de Auschwitz.
À entrada de Auschwitz lia-se (e ainda hoje se lê, no memorial) as palavras: “Arbeit macht frei” (o trabalho liberta). De fato, como em todos os campos de concentração nazista, os prisioneiros eram forçados a trabalhar. Os que eram muito fracos para isto eram mortos imediatamente, em câmaras de gás disfarçadas de chuveiros coletivos. Estima-se que 1.1 milhão de pessoas tenham sido mortas no campo. Entre vários nazistas conhecidos que trabalharam no campo estão Josef Mengele, O Anjo da Morte, médico que fez experimentos horríveis com seres humanos (e mais tarde morreu afogado no Brasil), e as oficiais da SS Maria Mandel (responsável direta pela morte de milhares de mulheres prisioneiros) e Irma Greese (sádica, costumava atacar as presas com chicote). Eric Brown, um oficial britânico que interrogou vários criminosos nazistas após a guerra, iria mais tarde descrever Greese como “O pior ser-humano que eu já conheci”.
Com a derrota em Stalingrado e em Leningrado, e com o Dia D na Europa Ocidental, o Terceiro Reich começa a ruir. Em 27 de Janeiro de 1945, Soldados do Exército Vermelho – organizados no Primeiro Exército da Frente Ucraniana, do Marechal Ivan Konev (mais tarde ele iria avançar sobre Berlim, junto do Marechal Zhukov), entram no campo e libertam milhares de prisioneiros. O campo estava vazio, pois com o avanço dos soviéticos os nazistas o tinham abandonado – e levado dezenas de milhares de prisioneiros junto com eles, deixando apenas os doentes e os que eram fracos demais para marchar até outros campos de concentração. A capital alemã, Berlim, iria cair meses depois – em 9 de Maio de 1945, “Dia da Vitória” – para os mesmos soldados soviéticos.
27 de Janeiro é também o Dia Internacional para Relembrar o Holocausto – um evento ainda maior no qual 12 milhões de pessoas morreram. Destes, 6 milhões eram judeus. Entre os outros milhões, a maioria é composta de pessoas que simplesmente ousaram se opor a Hitler – incluindo muitos comunistas – e prisioneiros de guerra dos alemães em toda a Guerra. A maioria, soviéticos de diversas nacionalidades.
Davi Dias