O presidente tunisino, Moncef Marzouki, nomeou Larayedh Ali novo primeiro-ministro. Larayedh substitui Hamadi Jebali, que renunciou ao cargo no último dia 19. Jebali tentava formar um novo gabinete do governo para dar uma respostas as reivindicações das mobilizações populares.
Em 14 de janeiro deste ano, as ruas das principais cidades da Tunísia foram ocupadas mais uma vez por milhares de pessoas, dessa vez contra o atual governo, liderado pelo partido islamita Ennahda. Para o povo tunisino, os objetivos das mobilizações, conhecidas como Primavera Árabe, não foram alcançadas.
A data marca os dois anos da queda do ditador que se mantinha no poder a mais de vinte anos, Zine el-Abdine Ben Ali. Em 14 de janeiro de 2011, Ben Ali fugiu, junto com família, para a Arábia Saudita. Sua deposição foi resultado da Primavera Árabe, que se iniciou na Tunísia e também derrubou ditaduras em países vizinhos como Egito, Iêmen e Líbia.
Chokri Belaid, secretário-geral da coligação de esquerda laica, Frente Popular, foi assassinado com quatro tiros, na capital Tunes, no último dia 6 de fevereiro, o que revoltou ainda mais a população insatisfeita com o governo.
Segundo a oposição, o assassinato de um dos líderes da Frente Popular é reflexo do fracasso político do governo atual. O desemprego, a pobreza e a violência são agudas, os problemas sociais e a arbitrariedade da polícia só aumentam e falta acordo sobre a elaboração da nova Constituição do país.
As manifestações que se seguiram são uma demonstração clara da organização popular que vem tomando o país. Cerca de 40 mil pessoas participaram do funeral do líder da oposição. A cerimônia realizada em memória de Belaid foi acompanhada por uma greve geral e intensos confrontos com as forças da ordem. A população pede um explicação urgente sobre o assassinato.
Ana Rosa Carrara, São Paulo