Os eletricitários da Paraíba, funcionários da empresa Energisa, realizaram uma importante greve no mês de fevereiro, abrangendo oito municípios, todos do interior do Estado. A paralisação foi comandada pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Estado da Paraíba (Stiupb), dirigido por companheiros do Movimento Luta de Classes (MLC). A mobilização, que se iniciou há cinco meses, com a deflagração da campanha salarial de 2012, culminou com uma greve de quatro dias, de 18 a 21 do mês passado.
A paralisação mobilizou 100% dos trabalhadores em algumas cidades e, em Campina Grande, principal base do Stiupb, o piquete recebeu a adesão da maioria dos funcionários, apesar do grande assédio promovido pela empresa, que pressionou os funcionários a trabalhar, ameaçando-os de demissão e obrigando-os a levar os veículos para suas casas, tendo que iniciar a jornada de trabalho às 5 horas.
O sindicato, por sua vez, realizou uma grande agitação, com carro de som, na porta da empresa, à qual restou ingressar na Justiça do Trabalho com um pedido de ilegalidade do movimento. A Justiça, por sua vez, negou o pedido, mas ordenou, através de liminar, que fosse liberado 40% do efetivo de trabalhadores, alegando se tratar de um setor de serviços essenciais, além de proibir os piquetes. Caso o sindicato descumprisse a determinação, teria que pagar multa diária de R$ 20 mil.
No dia 20 houve um ato na Câmara Municipal de Campina Grande. No dia seguinte, foi julgado no Tribunal Regional do Trabalho o dissídio econômico e de greve, quando a Energisa foi desmascarada perante o juiz-desembargador e o promotor do Ministério Público do Trabalho por tentar chantagear o tribunal com insinuações de que a greve punha em risco vidas de pacientes em hospitais, por exemplo. Ao mesmo tempo, a empresa impunha duras condições para que fosse celebrado um acordo para pôr fim ao movimento.
Ao final, se conseguiu uma importante vitória, que foi o reconhecimento oficial de que existem distorções entre os funcionários das duas empresas que compõem o Grupo Energisa na Paraíba. Ficou definido, então, um calendário de reuniões entre empresa e sindicato para que, na campanha salarial de 2013, que começa em setembro, seja garantida a isonomia de direitos entre todos os eletricitários da Energisa.
Segundo Wilton Maia, presidente do Stiupb, “nossa maior vitória nesta greve foi unir definitivamente a categoria com o sindicato. Estamos enterrando o passado de conchavos com as empresas”.
A greve contou com o apoio do Movimento Luta de Classes (MLC), do Partido Comunista Revolucionário (PCR), do Movimento de Luta nos Bairros (MLB), da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e de outros sindicatos da Paraíba, como os sindicatos da limpeza urbana, dos jornalistas, dos metalúrgicos e dos servidores municipais.
Rafael Freire, João Pessoa