No último dia 20 de março, completaram-se 10 anos da invasão imperialista no Iraque. As tão procuradas armas químicas e de destruição em massa jamais foram encontradas, bem como nunca foram comprovadas as supostas ligações do antigo Governo iraquiano com grupos terroristas. Essas, aliás, foram as principais alegações da gigantesca campanha de mentiras e falsificações promovida durante meses pela imprensa burguesa e pelos Governos imperialistas para justificar, perante a opinião pública internacional, uma nova guerra e esconder dos trabalhadores e dos povos seus verdadeiros objetivos: a conquista e a escravização do Iraque e de seu povo.
O Iraque hoje é um país completamente destruído e dividido pela guerra, que deixou para o povo daquele País um saldo de centenas de milhares de mortos e a mutilação de outros tantos, além do pesadelo das torturas e humilhações, da insegurança, do desemprego, da fome e da falta de água potável e outros serviços básicos. Ao contrário do que pregou o imperialismo, a paz, a democracia e o desenvolvimento não chegaram junto com as bombas, aviões e tanques.
Não há uma certeza sobre a dimensão dos estragos causados pelos bombardeios imperialistas. Segundo dados do Departamento Defesa dos Estados Unidos, durante esses 10 anos, mais de um milhão de soldados norte-americanos foram enviados ao Iraque. Destes, 4.483 foram mortos, 33 mil feridos e mais de 200 mil soldados foram diagnosticados com transtornos de estresse pós-traumático (26% dos veteranos masculinos de 18 a 29 anos cometeram suicídio).
Entretanto, os números de vítimas entre os civis iraquianos são os que mais impressionam e revelam com clareza a crueldade e a covardia dessa guerra. A pesquisa sobre a Saúde da Família Iraquiana, que contou com o apoio da ONU, estimou que ocorreram 151 mil mortes violentas apenas no período entre março de 2003 e junho de 2006. Já a revista The Lancet publicou, em 2006, uma estimativa de 654.965 mortes de iraquianos relacionadas à guerra, das quais 601.027 foram causadas por violência.
Bilhões de dólares também foram gastos com a guerra, recurso esse várias vezes maior do que o necessário para acabar com a fome e com dezenas de epidemias no mundo. Segundo o Serviço de Pesquisa do Congresso dos EUA, o País gastou quase US$ 802 bilhões para financiar a guerra. No entanto, o economista vencedor do prêmio Nobel Joseph Stiglitz afirma que o custo real chega a US$ 4 trilhões, se os impactos adicionais no orçamento e na economia dos Estados Unidos forem levados em conta. De fato, a dívida dos EUA subiu de US$ 6,4 trilhões em março de 2003 para US$ 10 trilhões em 2008 (antes da crise financeira), sendo que, pelo menos 25% desse montante,está diretamente ligado à guerra.
Enquanto a guerra destruiu a vida e as esperanças de milhões de iraquianos, um punhado de pessoas, ao contrário, se beneficiou – e muito – dela. Na última década, o comércio mundial de petróleo foi profundamente alterado pelo conflito iraquiano, uma vez que fez o preço do produto disparar: em 2003, o preço do barril de petróleo custava cerca de US$ 25,00, enquanto que, em 2008, chegou a US$ 140,00. O resultado disso foram lucros enormes para a indústria petrolífera. Outros setores econômicos também lucraram bastante com a guerra, especialmente a indústria de armas e a da reconstrução.
Como vemos, a invasão do Iraque é mais uma das guerras injustas, ilegais e covardes promovidas pelas potências imperialistas.
Injusta porque se trata de uma guerra imperialista, uma guerra de pilhagem, cujo objetivo é tomar posse das riquezas iraquianas e explorar seu povo. Ilegal, pois desrespeitou os mais básicos princípios do direito internacional e da livre determinação e soberania dos povos, passando por cima de várias resoluções da ONU e da vontade da opinião pública mundial. Covarde porque se tratou de uma guerra dos maiores exércitos do mundo contra um país que durante anos foi vítima de um bloqueio econômico que, entre outras coisas, proibia-o de comprar qualquer tipo de material militar.
Da Redação